Duas escolas públicas tiveram as aulas suspensas nesta terça (29) no município de Contagem (MG). Vandalizadas durante a madrugada, as instituições amanheceram com pichações da suástica e das palavras "Hitler" e "bully". Um dos prédios foi depredado, tendo janelas e cadeiras quebradas. Não foi registrado nenhum furto.
O ataque de inspiração nazista teria sido parte de um jogo realizado via Instagram chamado "bully", o que explica as pichações com o termo. A informação é da secretária de educação do município da região metropolitana de Belo Horizonte, Telma Fernanda Ribeiro. Ela explica que há uma sucessão de desafios, como roubar diários escolares e relatórios, em seguida os praticantes precisam entrar na escola e a etapa final seria a realização de um massacre.
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Ameaças
Telma Ribeiro se disse "bastante preocupada" com as "ameaças", com o "discurso de ódio", em especial pela presença de suásticas e outras alusões ao nazismo presentes no atentado. Para a secretária, a relação é muito clara com "o que temos vivido nos últimos tempos", em referência velada ao bolsonarismo no país. Uma das pichações traz uma ameaça direta à diretora da escola que teve as janelas quebradas. "Me humilha agora diretora" foi a frase pichada com tinta amarela em uma das paredes do educandário.
Marília Campos postou um vídeo em sua conta no Instagram na tarde desta terça. Ao lado do Comandante da Guarda Municipal, que também se manifesta na peça audiovisual, ela classifica o episódio como "muito triste" e diz que a ação não pode ser banalizada. "Ameaçam a comunidade, ameaçam os nossos educadores, cheio de manifestações nazistas, símbolo nazista, chamado ao Hitler... isso também é uma manifestação de violência política ameaçadora", disse a prefeita.
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Confira o vídeo com a declaração da prefeita Marília Campos:
Na Escola Municipal José Silvino Diniz, que foi depredada, as aulas permanecerão suspensas ao menos até quinta, que é o tempo de organizar novamente o espaço, fazer a limpeza e garantir segurança, avalia a titular da secretaria de educação. Com cerca de 600 alunos, a escola possui turmas do 1º ao 9º ano do ensino fundamental. A outra escola, EM Professora Maria Martins Mariinha, também teve as aulas suspensas nesta terça (29), mas deve voltar a funcionar logo, pois não chegou a ser invadida. As pichações foram apenas na parte externa.
Providências
"Eu e a prefeita estamos totalmente dedicadas a buscar solução", declarou Telma. Ela informou ainda que a Polícia Civil, a Guarda Municipal e o Ministério Público foram acionados pela prefeitura em função dos "vários crimes" cometidos, que haverá debate com a comunidade em busca das melhores soluções e disse que o governo municipal tomará as "providências cabíveis para garantir segurança e limpeza na escola", sem detalhar, entretanto, quais medidas estão previstas. A secretária também disse que ainda não há suspeitos da autoria do ataque.
Na tarde desta terça-feira (29), a prefeita de Contagem se reuniu com o Ministério Público e representantes das polícias Civil e Militar, Guarda Municipal, secretarias de Defesa Social e Educação e Procuradoria Geral do Município para tratar de ações conjuntas para combater os ataques e ameaças às escolas do município e evitar que se generalizem.
A ação em Minas Gerais ocorre uma semana após o ataque a duas escolas na cidade de Aracruz (ES) em que quatro vítimas perderam a vida. A relação entre os casos está no fato de que o atirador utilizava um símbolo nazista no braço. Nos últimos quatro anos foram registrados ao menos 11 atentados a escolas no Brasil, sendo 6 com uso de arma de fogo e outros 5 com bombas, facas e até uma machadinha.