O atirador de apenas 16 anos que causou um verdadeiro massacre em escola de Aracruz, Espírito Santo, na última sexta-feira (25), prestou um depoimento à Polícia Civil neste domingo (27) no qual afirmou ter agido sozinho em atentado que deixou 3 professoras e uma aluna mortas. Mas a polícia, ao que parece, não ficou convencida e quer investigar a participação de outras pessoas, e em especial uma possível conexão entre o atirador e grupos neonazistas uma vez que durante o ataque, o atirador ostentava um símbolo nazista em seu traje.
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“A investigação irá dizer como que um jovem de 16 anos tinha tanta habilidade com armas”, declarou o governador Carlos Casagrande (PSB) para meios de comunicação. A habilidade e acesso para manusear armas e carros é um dos pontos da investigação. A própria arma do crime é de propriedade do pai do atirador, um policial militar da cidade. A Polícia Civil agora quer saber qual o grau de influência paterna no massacre.
“Temos acesso ao seu telefone, aos seus computadores, aos interrogatórios, então é um processo de investigação para ver se ele tinha algum envolvimento com grupos neonazistas”, declarou o governador.
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De acordo com a advogada que representa a família do atirador, os pais deixaram a cidade com medo de sofrer retaliações. De acordo com a defesa, o casal está abalado e questionando-se sobre “onde erraram na criação do filho”. O pai é um tenente da Polícia Militar do Espírito Santo e a mãe, professora, já havia trabalhado na escola estadual Primo Bitti, o alvo do ataque.
Além das 4 vítimas fatais, há mais sete feridos hospitalizados. Em boletim divulgado neste domingo (27) pela Secretaria de Estado da Saúde, duas professoras de 52 e 48 anos estão internadas em estado grave em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves. Uma outra professora, de 58 anos, passou por cirurgia no Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas e tem quadro estável. No Hospital (infantil) Nossa Senhora da Glória, em Vitória, está um aluno de 11 anos que apresenta melhora no quadro médico, e uma aluna de 14 anos que segue intubada na UTI em estado grave. Os outros dois feridos estão no Hospital São Camilo e apresentam quadros estáveis.
Relembre o caso
Um atentado provocado por um jovem armado causou nova tragédia em uma escola pública na última sexta-feira (25). O autor, que não teve a identidade revelada, invadiu a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Primo Bitti, em Aracruz, no Espírito Santo, e abriu fogo, assassinando quatro pessoas e deixando outros 11 feridos. Segundo a Polícia Militar, o homem invadiu a escola iniciando o tiroteio com uma pistola. Ele teria invadido a a sala dos professores e, em seguida, outras salas. Na escola, duas pessoas foram mortas.
Em seguida, ele entrou em um carro e seguiu para a escola particular Darwin, que fica na região, e fez novos disparos. No local, ele feriu cinco pessoas e matou uma. Pelo Twitter, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), confirmou que as escolas tinham sido invadidas e que acompanhava a investigação.
Uma das vítimas foi a professora de artes Maria da Penha de Melo Banho, de 48 anos. Chamada carinhosamente de Penha na comunidade escolar, a professora também fazia a alfabetização das crianças da escola. Ela deixou o marido, com quem esteve casada por 19 anos, e três filhos. Seu corpo foi velado em igreja evangélica da cidade, onde familiares e amigos se comoveram com sua partida. "Ela morreu no lugar que mais amava, dentro da escola, mas não merecia morrer desta forma tão trágica, ainda estou sem chão", lamentou Santilha Pereira de Melo Perovani, irmã da vítima.
Outra vítima foi uma estudante de apenas 12 anos. Seu corpo ainda teve de passar por exame de necropsia no Departamento Médico Legal (DML) na capital Vitória e só foi liberado na noite de sexta. Estudante do 6º ano do Centro Educacional Praia de Coqueiral, a adolescente Selena Sagrillo Zuccolotto morava no mesmo bairro da escola, Coqueiral de Aracruz, e havia recebido um certificado pelo seu bom desempenho escolar em premiação ocorrida nesta semana. A jovem foi atingida por muitos disparos e não resistiu até a chegada do socorro.
A outra vítima foi a professora de matemática Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos. Também lecionava na escola estadual Primo Bitti, era efetiva da rede estadual desde 2018. Assim como Maria da Penha, Cybelle morreu na própria escola, pouco tempo após receber os disparos. Em 2019, foi uma das selecionadas para atuar na Olimpíada de Matemática das escolas estaduais do Espírito Santo.
Já a professora Flávia Amoss Merçon Leonardo, de 38 anos, estava internada em estado gravíssimo no Hospital Dr. Jayme dos Santos Neves até o último sábado (26), quando não resistiu aos ferimentos e acabou tornando-se a quarta vítima fatal do ataque.
De acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo, o atirador responderá na Justiça por “ato infracional” correspondente ao crime de homicídio qualificado, em processo que corre em sigilo. Se já tivesse atingido a maioridade penal, de 18 anos, o ato praticado seria considerado um homicídio triplamente qualificado por ter sido praticado com motivo fútil, impossibilidade de defesa das vítimas e perigo comum, ou seja, um ato que oferece risco a terceiros além das vítimas. Ele ainda deve responder por tentativas de homicídios em relação aos feridos no ataque.
O jovem atirador foi levado para o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo e as armas usadas nos crimes foram apreendidas e encaminhadas ao Departamento de Criminalística-Balística da Polícia Civil.
*Com informações do G1, Uol e Carta Capital.