O secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, reconheceu nesta segunda-feira (9) que houve falhas no planejamento da operação realizada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) e pelo Comando de Operações Especiais (COE) no Morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul do Rio. A ação ocorreu na madrugada de domingo (8), durante uma festa junina na comunidade, e terminou com seis pessoas baleadas. Um dos feridos, Herus Guimarães Mendes, de 23 anos, não resistiu após ser atingido no abdômen.
Em entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo, o coronel afirmou que a operação foi classificada como emergencial, a partir de uma denúncia de que homens armados estariam reunidos no local com intenção de atacar grupos rivais. No entanto, segundo ele, os protocolos exigidos pela corporação para esse tipo de ação não foram seguidos.
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“Restou provado que não foram observados os protocolos e procedimentos da corporação”, disse Menezes.
O secretário destacou três requisitos básicos para a realização de operações emergenciais: avaliação de risco, escolha adequada de data e horário (considerando eventos locais), e preservação da vida — este, segundo ele, sendo o mais importante.
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“O bem maior a ser protegido é a vida das pessoas. E a gente pode observar que esses requisitos não foram contemplados nessa operação emergencial”, afirmou.
Protocolo será reavaliado
A Polícia Militar informou que o protocolo de ações emergenciais será reavaliado. As investigações sobre a operação já estão em andamento, incluindo a análise de perícias no local e das armas dos policiais envolvidos. As informações irão compor os autos do inquérito.
Menezes também confirmou que todos os agentes envolvidos usavam câmeras corporais. As imagens captadas já começaram a ser encaminhadas à Corregedoria da Polícia Militar e ao Ministério Público.
“A disponibilização das imagens vai elucidar como essa operação foi desencadeada e como ela se desenvolveu. Não há condenação prévia dos policiais, mas a apuração será firme e transparente”, concluiu.
O caso segue sob investigação, e familiares da vítima cobram explicações sobre a ação policial em meio a um evento comunitário.
Relembre o caso
Uma operação do Bope) terminou em tragédia na madrugada deste sábado (7) no morro Santo Amaro, na Zona Sul do Rio do Janeiro.
Durante a invasão policial, o jovem Herus Guimarães Mendes da Conceição, de 24 anos, foi alvejado e outras cinco pessoas foram feridas, incluindo um adolescente.
Herus, que trabalhava como office boy e era pai de uma criança de dois anos, foi atingido no abdômen e não resistiu após ser levado ao Hospital Glória D’Or, na Glória. Ele chegou a passar por cirurgia, mas morreu em decorrência dos ferimentos.
A comunidade do Catete vivia uma noite festiva com apresentações de quadrilhas juninas quando o Bope entrou na região. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento dos disparos e a correria dos moradores, entre eles crianças, jovens e idosos.
“A gente só quer que alguém nos procure e diga quem autorizou aquilo. Secretário de Segurança, chefe do Bope, que alguém nos procure e explique. Quem autorizou? A vida do meu filho não volta, mas a gente precisa saber”, desabafou Fernando Guimarães, pai de Herus.