De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), durante as obras realizadas em função da COP 30 — a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em 2025, em Belém, capital do estado do Pará —, foram encontrados vestígios de um barco do século XIX, que estava afundado sob o canal da Doca.
As primeiras partes da embarcação, localizadas em agosto de 2024, incluíam a proa e o meio da estrutura de metal. Desde então, peças do barco têm sido removidas pela equipe local de arqueologia e restauração.
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O barco teria cerca de 22 metros de comprimento, 7 metros de largura e 2,5 metros de profundidade, segundo os especialistas. De acordo com a Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), os reparos nas partes recuperadas devem durar cinco meses e, posteriormente, serão expostos no Memorial Amazônico da Navegação, no Mangal das Garças, em Belém.
O Memorial, fundado em 2005, exibe objetos que destacam a "relação do homem da Amazônia com as águas" e itens da Marinha do Brasil.
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Kelton Mendes, um dos especialistas envolvidos no processo de recuperação, afirmou que a embarcação pode ter sido utilizada para o tráfego de mercadorias na área portuária do Igarapé das Almas.
Também conhecido como "Igarapé das Armas", essa área foi aterrada para dar lugar ao canal da Doca.
Hoje, existem algumas teorias sobre o Igarapé, conforme aponta o historiador Antônio Carlos Lobato em artigo do Diário do Pará. Uma delas se refere à área de encontro entre vários igarapés que cruzavam Belém e a Baía do Guajará. Outra está relacionada à Revolta da Cabanagem: "A teoria das armas é que ali era um ponto de esconderijo de armas dos cabanos", explica o historiador.
"Ali foi um ponto de confronto porque as tropas que desembarcaram para reprimir a Cabanagem chegaram pela Pedreira e avançaram. Então, as armas têm esse sentido ligado à Cabanagem, e as almas estão relacionadas a outro igarapé, o Cruz das Almas, que fica próximo à Praça da República".
A idade estimada da embarcação é de 110 anos, e as investigações agora devem recorrer a registros históricos das movimentações no canal para determinar sua origem.