DITADURA

Braço direito de Ustra, Capitão Lisboa morre após reinstalação da Comissão sobre Ditadura

Braço direito de Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos "heróis" do bolsonarismo, David dos Santos Araújo, o Capitão Lisboa, morreu aos 86 anos sem pagar por seus crimes

Capitão Lisboa e Bolsonaro com o livro de Carlos Alberto Brilhante Ustra.Créditos: Reprodução / Agência Brasil
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Braço direito de Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos "heróis" do bolsonarismo, David dos Santos Araújo, o Capitão Lisboa, morreu nesta sexta-feira (20), duas semanas após ser reinstalada a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP).

Delegado da Polícia Civil de São Paulo, Capitão Lisboa era um dos mais violentos torturadores subordinados a Ustra no Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informação — Centro de Operação de Defesa Interna) e morreu aos 86 anos sem pagar pelos crimes que cometeu durante a Ditadura Militar.

Aposentado, ele foi processado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelos atos de violência que cometeu durante a Ditadura.

O relatório da Comissão Nacional da Verdade registra que o Capitão Lisboa atuou de abril a outubro de 1971 no órgão, sendo responsabilizado por crimes de tortura, execução e desaparecimento forçado. Em depoimento na Comissão Nacional da Verdade, em 2013, o policial negou as acusações.

Nas acusações ao delegado aposentado constam as mortes de Aylton Adalberto Mortati e Joaquim Alencar de Seixas. Também foi responsável pela tortura do filho de Seixas, Ivan, à época apenas com 16 anos, e mais três membros da família do militante. 

Em 1981 chegou a receber a Medalha do Pacificador do Exército. Em 2012, como empresário da área de segurança privada, a sede de sua empresa em São Paulo foi cenário de protestos por parte do Levante Popular da Juventude.

No final de agosto (30), a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos teve seus trabalhos retomados.

Instituída em 1995, analisou cerca de 300 casos de abusos e violências do período militar, reconhecendo mortes e promovendo o pagamento de indenizações às famílias das vítimas. A comissão foi interrompida em 2022, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), mas foi retomada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e a gestão Lula.