CEILÂNDIA

Furto das 100 armas: Dono de loja é investigado por comércio ilegal e falsa comunicação de crime

Os ladrões alugaram um imóvel vizinho no Distrito Federal e fizeram um buraco na parede para acessar as armas, mas investigação descobre fatos novos que podem representar reviravolta

Armas apreendidas pela PCDF em 19 de agosto de 2024.Créditos: Divulgação/PCDF
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A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu nesta segunda-feira (19) cinco pessoas envolvidas com o roubo de uma loja de armas em Ceilândia (DF) no último mês de junho. Um dos presos é o próprio dono da loja que, após as investigações avançarem, passou a ser suspeito de comércio ilegal de armas e falsa comunicação do crime. Os outros quatro presos estariam envolvidos com o roubo registrado ao estabelecimento.

Além das prisões, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos endereços dos alvos da operação. Entre os presos estão uma mulher de 33 anos e três homens, de 35, 39 e 68 anos.

O roubo teria ocorrido na madrugada de 10 de junho de 2024, conforme o comunicado de Tiago Henrique Nunes de Lima, o dono da loja. Ele havia fechado o estabelecimento no sábado anterior (8) e, quando foi reabrir naquela segunda-feira, teria percebido o estrago decorrente do roubo. Momentos antes, tinha sido contatado pela imobiliária a respeito de possível arrombamento no local.

Segundo o depoimento do dono da loja dado às autoridades, cerca de 100 armas ficavam armazenadas numa sala que funcionava como uma espécie de cofre. No arsenal estavam fuzis e pistolas automáticas suficientes para armar um batalhão inteiro. Munições e sistemas de monitoramento por câmeras também teriam sido roubados.

Os criminosos alugaram a loja ao lado de maneira aparentemente lícita: assinando um contrato de locação com uma imobiliária da região. O imóvel teria sido escolhido a dedo pela quadrilha. Uma vez lá dentro, bastou esperar o final de semana, quando os comércios ficam fechados, para abrir um buraco na parede do imóvel e acessar o ‘cofre’ da loja vizinha.

O proprietário da loja ainda informou que ao longo do final de semana homens foram flagrados tentando entrar no local. A Polícia Militar foi chamada por vizinhos e frustrou a tentativa. A Polícia Civil passou a investigar o episódio e, dois meses depois, suspeita que não houve qualquer roubo, apesar do buraco na parede.

Os investigadores chegaram a essa conclusão após questionarem Thiago Braga Martins, apontado como autor intelectual do assalto. Ele e os outros presos confirmaram o aluguel da loja vizinha e o método de invasão da loja de armas. No entanto, eles disseram que ao invadirem o estabelecimento não havia quaisquer armas dentro do cofre, o que fez a polícia investigar a possibilidade de uma falsa comunicação de crime.

De acordo com os investigadores, Tiago Henrique Nunes é suspeito de tentar manipular o trabalho da polícia ao registrar uma quantidade errada de armas roubadas, as “cem armas” alardeadas em junho. Nesse contexto, a polícia aponta que o lojista teria negociado armas de maneira ilegal semanas antes do roubo, mas que não encontrou uma relação direta deste suposto crime com o furto de junho.

Durante a operação desta segunda-feira, a polícia apreendeu outras 69 armas de Nunes de Lima, todas legalizadas, mas pesou o temor de que ele as vendesse de forma irregular. O caso ainda é investigado.

A defesa do proprietário da loja nega as acusações e diz que seu cliente sempre colaborou com as investigações.