Nesta segunda-feira (20), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inaugurou a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
O presidente do instituto, Márcio Pochmann, a abriu o evento e destacou um momento de renovação e modernização para o órgão, especialmente após períodos de desafios financeiros e de pessoal sob o governo Bolsonaro.
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Durante a conferência, que prossegue até sexta-feira (24), Pochmann anunciou a reconstrução dos salários e a realização de concursos para revitalizar o quadro funcional do órgão. Segundo ele, a conferência deverá resultar na formulação de um novo marco legal para as estatísticas e geociência no Brasil, essencial para a segunda metade do século 21.
"Essa é a recuperação e a modernização que precisamos fazer, e a modernização nesse sentido está basicamente na oportunidade que temos discutido com todos os agentes e produtores de dados de um novo marco legal para as estatísticas, para a geociência e para os dados brasileiros.” Pochmann disse que é possível sair, no fim desta semana, um documento mostrando "convergência dos produtores e usuários de dados em relação ao que o Brasil precisa oferecer neste segundo quarto do século 21, porque o primeiro se esgota no ano que vem”, disse.
Pelas redes sociais, Pochmann fez registro do evento.
A reitora da Uerj, Gulnar Azevedo, enfatizou a importância da parceria com o IBGE, destacando a contribuição da universidade para pesquisas baseadas nos dados do instituto. Ela sublinhou a missão da universidade em utilizar dados reais para melhorar a qualidade de vida da população brasileira.
"Temos vários colegas, trabalhadores da Uerj, professores e estudantes que fazem pesquisas usando dados e participando da organização, do desenvolvimento de pesquisas do IBGE, mas agora vamos dar um salto maior”, afirmou.
A conferência também contou com a participação de José Manuel Salazar, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), que defendeu o uso responsável dos dados para impulsionar o crescimento econômico inclusivo na região.
“Por isso, estamos argumentando que a região necessita intensificar urgentemente os esforços de crescimento econômico, principalmente por meio de políticas de desenvolvimento produtivo para promover uma grande transformação produtiva que resulte em maior sofisticação tecnológica, maior diversificação e maior produtividade. Não se trata de qualquer crescimento, queremos um crescimento mais inclusivo”, destacou Salazar.
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, destacou a importância da colaboração entre seu ministério e o IBGE, ressaltando o volume de dados gerados e a necessidade de uma inter-relação eficaz para enfrentar desafios futuros, como o envelhecimento da população brasileira. Ao encerrar a apresentação, o ministro e Pochmann assinaram acordo de cooperação entre o ministério e o IBGE.
“[É] para que se possa fazer uma inter-relação maior sobre o futuro da Previdência. Os dados reais de como é o envelhecimento da população brasileira, como trabalhar para ajudar a equilibrar esse sofrimento que o povo brasileiro tem. Hoje temos uma média salarial de R$ 1.860. É muito baixa ainda, mas é o que é possível nessa realidade da herança de um país destruído. E queremos cada vez mais avançar neste convênio”, afirmou Lupi.
O secretário de Gestão da Informação, Inovação e Avaliação de Políticas Educacionais, Evânio Antônio de Araújo Júnior, que representou o ministro da Educação, Camilo Santana, disse que é preciso criar instrumentos e ferramentas para dar visibilidade aos desafios das cidades para reduzir desigualdades sociais, enfrentar mudanças climáticas e estimular o aprofundamento da democracia com a participação da sociedade.
Segundo Evânio, um levantamento apontou diferenças na cidade de São Paulo, e uma delas é a da idade média com que as pessoas morrem.
“Em um distrito rico da cidade de São Paulo, o chamado Jardim Paulista, a idade média ao morrer é de 80 anos e em um distrito da periferia no extremo da zona leste, chamado Cidade Tiradentes, é de 59 anos. Temos 21 anos de diferença dentro da mesma cidade”, citou o secretário como um dos dados que precisam ser analisados para a construção de políticas públicas.
Danilo Cabral, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), destacou que é importante colocar a análise de tais dados à disposição dos responsáveis pela formulação de políticas regionais.
“Estamos aqui levando fisicamente também o IBGE para dentro da Sudene para que possamos usar esse conjunto de informações para a formulação de políticas e para o desenvolvimento de indicadores e colocar isso à disposição da sociedade.”
Durante o evento, Pochmann e o diretor-presidente do Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), Jorge Luiz Abrahão, assinaram um convênio de cooperação entre as duas instituições para a integração de análise de dados.
Até sexta-feira, especialistas, representantes das grandes empresas transnacionais da tecnologia, gestores públicos, empresas públicas de dados, órgãos multilaterais e movimentos sociais, acadêmicos e estudantis e organizações da sociedade civil estarão reunidos na Conferência Nacional do Agentes Produtores e Usuários de dados, que tem o tema Soberania Nacional em Geociências, Estatísticas e Dados: Riscos e Oportunidades do Brasil na Era Digital.
A conferência reúne mais de 500 técnicos e mais de 100 palestrantes, divididos em seis mesas temáticas e 23 grupos de trabalho, com o objetivo de discutir a soberania nacional em geociências, estatísticas e dados diante dos desafios e oportunidades da era digital.
Com informações da Agência Brasil