"TÁ DI ZUEIRA"

Nego Di: Como funcionava o esquema de golpes do ex-BBB

Influenciador foi preso por suspeita de estelionato e também é alvo do Ministério Público por lavagem de dinheiro

Nego Di, ex-BBB preso por estelionato.Créditos: Reprodução/Redes Sociais
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No último domingo (14), o ex-BBB e influenciador Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, foi preso por suspeita de estelionato pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. 

De acordo com a investigação, Nego Di aplicava golpes através de falsas vendas de produtos de seu site "Tá Di Zueira", que operou durante quatro meses em 2022 e movimentou cerca de R$ 5 milhões. Ao todo, 370 pessoas foram vítimas do ex-BBB.

A loja funcionava através da divulgação de três produtos fantasmas: TVs, iPhones e aparelhos de ar-condicionado, oferecidos a preços inferiores aos do mercado. Os clientes do site compravam os produtos, mas nunca chegaram a recebê-los. Além dos 370 boletins de ocorrência, 443 reclamações no "Reclame Aqui" foram registradas. 

O prazo de entrega variava de 20 a 60 dias e, para os policiais, esse longo período era colocado de forma proposital para que mais pessoas comprassem antes de algum cliente reclamar e expor o golpe. 

Nego Di não operava sozinho no sistema de golpes. Segundo a polícia, Anderson Bonetti era sócio do ex-BBB e o responsável por criar o sistema que operava no site. Ele também foi alvo de operação, mas está foragido. A polícia suspeita que ele tenha saído do país. 

Uma das estratégias para aplicar os golpes era vetar compras feitas pelo cartão de crédito, o que impedia o estorno após denúncia da vítima. As vendas eram realizadas apenas por pix ou boleto

Em entrevistas à CNN, algumas vítimas de Nego Di comentaram sobre os golpes aplicados pelo ex-BBB. Willian Costa, servidor público, revelou que perdeu R$ 7 mil após realizar uma falsa compra de dois aparelhos de ar-condicionado e um celular. 

Costa relata que Nego Di já havia tido um estabelecimento físico em Porto Alegre, o restaurante "Casa dus Guri", e que algumas entregas de produtos tinham sido feitas no local. Além disso, o servidor afirma que a loja tinha CNPJ ativo e regularizado na Receita Federal. 

"Tudo isso fazia com que transparecesse veracidade, conferindo credibilidade ao negócio. Então, muitas pessoas compraram, eu fui uma delas”, desabafou o servidor à CNN.

Júlio Cézar Silveira, gerente administrativo, levou um golpe no montante de R$ 30 mil. Ele tinha a ideia de comprar ar-condicionados para revender. Assim, adquiriu 23 aparelhos, que nunca chegaram.

Ele afirma que assim como as outras vítimas, tem a esperança de reaver os valores. Silveira também acredita que o número de vítimas seja ainda maior que 370. “A gente sabe de diversas pessoas que por investirem um valor baixo acabaram não entrando na Justiça contra ele. Acho que agora com a visibilidade que o caso ganhou, mais e mais pessoas vão ficar sabendo o que fazer para poder reaver esses valores”, disse à CNN.

Nego Di segue preso na Penitenciária de Canoas, no RS. 

Nego Di debochava das vítimas

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (15), o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, Cristiano Reschke, afirmou que há vídeos "em que Nego Di se manifesta de forma debochada brincando em relação às pessoas que não receberam os bens, enquanto se desloca em carro de luxo, uma Mercedes branca, conversível, chegando em seu restaurante".

Em um dos vídeos em questão, Nego Di aparece em um podcast dando risada dos clientes que não recebiam os produtos comprados em sua loja virtual. 

"As pessoas me perguntam: 'é confiável essa loja?'. É minha loja. Se não chegar é usuário não encontrado (risadas)", dispara. 

Em outro vídeo, Nego Di aparece chegando em uma casa com uma Mercedes branca e conversível enquanto amigos do pretenso humorista fazem piada. 

"Ninguém mandou comprar televisão, ninguém mandou comprar ar-condicionado. Os guri não querem nem saber", afirma. Nego Di debocha dos golpes: "Tá chegando [em referência aos produtos não entregues]". 

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Alvo do Ministério Público

Na sexta-feira (12) o ex-BBB já havia sido alvo de uma operação do Ministério Público por suposta lavagem de dinheiro no valor de R$ 2 milhões, obtidos em rifas virtuais.

Na operação, denominada Operação Rifa$, a esposa de Nego Di, Gabriela Sousa, foi presa em flagrante pelo porte de uma arma de uso restrito das Forças Armadas. Também foram apreendidos dois veículos de luxo, além de documentos, celulares e computadores para fins de investigação. 

Quem é Nego Di 

Dilson Alves da Silva Neto, mais conhecido como Nego Di, é de Porto Alegre (RS) e participou da edição do BBB 2021, onde colecionou uma série de polêmicas e foi eliminado com 98,76% dos votos ainda na terceira semana de confinamento. O índice o colocou como o segundo participante mais rejeitado do reality show. 

Logo após entrar no programa, Nego Di já se envolveu em uma polêmica ao declarar que se considerava um "homem machista, racista, homofóbico e gordofóbico", mas que vinha tentando mudar. Em 2022, durante uma apresentação de standy-up-comedy, ele propagou falas transfóbicas contra a cantora Linn da Quebrada. “O cara vira mulher, bota silicone, bota cabelo, toma hormônio, pra sair pra pegar umas minas?! Eu nunca tinha visto traveco machorra na minha vida”, disse.

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