Herdeiro do mandato de Bruno Covas, morto em 2021, Ricardo Nunes (MDB) passou por saia justa ao ser indagado sobre a publicação feita nas redes sociais sobre o atentado contra Donald Trump - "esse sim, é um atentado contra a democracia" - durante sabatina no portal Uol.
Perguntado se a publicação faz uma comparação com a tentativa de golpe que resultou no 8 de janeiro de 2023, o atual prefeito de São Paulo tentou lacrar para o rival, Guilherme Boulos (PSOL), que lidera a disputa. No entanto, acabou tendo que confessar sua posição sobre os atos golpistas.
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"O 8 de janeiro a gente podia comparar com 23 de setembro. O que aconteceu em 23 de setembro? Se a gente entrar no Google agora e colocar: 'Boulos invade ministério', vai sair na capa a foto do Boulos em cima da mesa numa invasão de um prédio público do Ministério da Fazenda", afirmou.
A resposta provocou espanto nas jornalistas: "você acha que são episódios comparáveis? No 8 de janeiro a gente teve a depredação do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto com um objetivo. Quebrou-se símbolos da democracia brasileira", insistiu Raquel Landim.
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Nunes, então, tergiversou e fez eco ao discurso bolsonarista, de que "aposentados, pessoas que estavam ali fazendo um ato totalmente errado, mas não dá para se comparar uma coisa a outra".
Em seguida, o prefeito foi enquadrado por Fabíola Cidral: "a pergunta é fácil, 8 de janeiro foi um atentado contra democracia?".
"O 8 de janeiro foi um atentado contra o patrimônio público que eu repudio", respondeu, saindo pela tangente.
A jornalista indaga em seguida: "o senhor não acredita que sofremos uma tentativa de golpe?".
Nunes, então, se enrola, mas acaba confessando: "não acredito".
"Eu não posso falar pelas pessoas, eu estou falando daquele caso concreto que eu repudio", emendou.
Deparado com o resultado da investigação, que mostram que houve uma tentativa de golpe, Nunes pediu "cautela antes de julgar", se enrolando novamente.
O imbróglio seguiu ao ser indagado sobre o apoio de Jair Bolsonaro (PL), rejeitado por 65% dos paulistanos, segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada em julho.
Nunes, que se esforçou para obter o apoio do ex-presidente, tentou sair pela tangente e teve que ouvir mais uma pergunta direta: "o senhor é bolsonarista?".
"Eu sou ricardista", respondeu, disfarçando o apoio de Bolsonaro.