No início de junho, um vídeo publicado no Youtube revelou que policiais militares de São Paulo, estado governado por Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), permitiram que um youtuber americano manuseasse uma arma e participasse de uma perseguição policial no banco de trás de uma viatura. Nas imagens, uma agente da corporação ainda é vista dizendo em inglês ao criador de conteúdo Gen Kimura que as mortes de criminosos são celebradas com "charutos e cervejas".
O vídeo, que acumula mais de 1,5 milhão de visualizações, também exibe os policiais mostrando o interior de um depósito de armamentos da PM. Durante a filmagem, é possível ver um monitor exibindo ângulos das câmeras de segurança do perímetro. Gen Kimura acompanhou os oficiais ao longo do dia, participando de operações em três comunidades da zona norte de São Paulo. O youtuber possui 380 mil seguidores em seu canal.
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O vídeo intitulado "Patrulhando FAVELAS com o Batalhão Tático da PM (24 hrs na vida de um Policial)" está disponível no canal do YouTube de Kimura, onde as cenas podem ser visualizadas.
"Eles dão declarações de que comemoram a morte de criminosos em confrontos e também de que não há racismo na atuação dos policiais. É preciso entender que a população que normalmente é abordada tem uma visão exatamente oposta a esta", disse o conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e policial federal Roberto Uchôa.
Após ter acesso ao vídeo, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) solicitou esclarecimentos à Polícia Militar, que iniciou uma sindicância para investigar todos os detalhes e tomar as medidas cabíveis. O órgão afirmou que a participação de um civil em atividades exclusivamente militares, conforme mostrado nas imagens, não é permitida e será parte das investigações.
"Toda a dinâmica mostrada nas imagens, envolvendo um civil em práticas exclusivamente militares, não é permitida e fará parte das investigações."Excessos e desvios não são tolerados e todos os casos são punidos com rigor. Além disso, a dinâmica do vídeo não é permitida de acordo com as regras internas da Corporação", diz a nota da secretaria.
Uchôa ainda destacou à Folha de S. Paulo que o criador de conteúdo expôs-se a riscos e potencialmente colocou outros em perigo devido à falta de treinamento adequado, especialmente ao ter acesso a armamento enquanto estava dentro do veículo. Inicialmente respondendo às perguntas por email quando contatado pela reportagem da Folha, Kimura posteriormente mudou de posição e solicitou que suas respostas não fossem divulgadas. Na descrição do vídeo, o criador de conteúdo menciona que a produção visa abordar temas controversos e enfatiza que seu canal não endossa ou apoia qualquer forma de discurso de ódio.