PROTESTO

Atingidos por desastre em Mariana denunciam fornecimento de água contaminada

Moradores participaram de audiência pública na Assembleia Legislativa de MG e relataram que água fornecida têm causada problemas de saúde

Atingidos por desastre em Mariana (MG) fazem grave denúncia.Créditos: Movimento dos Atingidos por Barragens
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As pessoas atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), participaram de uma audiência na Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na tarde desta segunda-feira (17), para denunciar abastecimento de água contaminada na região do Médio Rio Doce.

De acordo com os moradores, a água fornecida tem chegado às torneiras com forte odor e tem causado problemas de saúde como irritações na pele, problemas intestinais e alergias. Na audiência, eles mostraram documentos e análises que indicam que a água fornecida não está potável.

Além do encontro, os atingidos também organizaram uma agenda de mobilizações para esta segunda em Belo Horizonte. 

Atingidos protestam em frente ao TRF-6 - Foto: MAB 

Na parte da manhã, cerca de 150 atingidos se mobilizaram na porta do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) para denunciar a falta de participação popular nas negociações sobre o acordo de reparação pelos danos causados pelo rompimento da barragem. 

Thiago Alves, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e morador de Ipatinga (MG), denunciou que o número de moradores com água contaminada tem aumentado, e reforçou a necessidade de pressionar a Fundação Renova (responsável pela reparação de danos da barragem do Fundão) e o Estado para resolverem a questão.

Após a mobilização no TRF-6, os manifestantes seguiram para a sede do Ibama para denunciar a articulação do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que, segundo o MAB, busca impedir que municípios brasileiros processem mineradoras em cortes internacionais.

Leticia Oliveira, também da coordenação nacional do MAB e moradora de Mariana (MG), afirma que “os atingidos estão muito preocupados e assustados com esses anúncios nas mídias, pois não sabem nada sobre esse acordo e o que será feito com os recursos". Ela enfatiza que a repactuação só será justa se os atingidos participarem das decisões e garantiu que continuarão cobrando das instituições de justiça e do governo federal uma postura que assegure a participação popular.

Já o agricultor rural do distrito de Cachoeira Escura, em Belo Oriente (MG), Itamar Coelho Maciel, relatou as consequências da contaminação da água captada do Rio Doce. "Esses dias morreram de câncer dois colegas meus e minhas filhas têm vermes por causa da água", contou. Ele criticou a falta de consideração das autoridades e afirmou que continuará buscando provar a realidade enfrentada pelos moradores.