Inspirados pelo potente movimento que tomou as principais universidades dos EUA, estudantes da Universidade de São Paulo (USP) acabam de lançar na noite desta terça-feira (7) o primeiro acampamento em solidariedade ao povo palestino no Brasil. As principais pautas reivindicadas são o cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, onde Israel realiza uma operação de limpeza étnica nesse exato momento, e o corte de relações entre o Brasil e o país liderado por Benjamin Netanyahu.
A iniciativa partiu de diferentes entidades estudantis da USP, organizadas em torno do Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino (ESPP-USP). A mobilização começou nessa noite com a montagem do acampamento no vão da FFLCH, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
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Ana Luísa Tibério, mestranda em Ciência Política e porta-voz do ESPP-USP, afirmou ao Opera Mundi que entre as pautas reivindicadas também está o fim dos convênios da instituição com universidades israelenses "que apoiam e financiam o massacre em curso na Palestina".
A princípio o movimento durará até a próxima quinta-feira (9) e realizará manifestações e oficinas temáticas a respeito da pauta. O Coletivo Vozes Judaicas pela Democracia, um dos apoiadores do movimento, fará uma dessas oficinas na manhã da próxima quarta-feira (8).
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Ainda na quarta haverá uma mesa de debate sobre a solidariedade internacional à palestina, às 18h, que contará com a presença do jornalista Breno Altman e do acadêmico Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e especialista em temas relacionados ao Oriente Médio. Mais tarde ocorre uma apresentação de música palestina.
O movimento também divulga um abaixo-assinado que pode ser lido abaixo. Para assinar, clique aqui.
Veja o momento que a bandeira palestina é pendurada
Leia o abaixo-assinado dos estudantes na íntegra
Desde o dia 7 de outubro de 2023 ocorre na Faixa de Gaza uma verdadeira carnificina que já ceifou a vida de mais de 30 mil palestinos, em sua maioria mulheres e crianças. A cada dia que se passa mais e mais palestinos são assassinados, desalojados, violentados e submetidos à privação da sua liberdade, comida e itens básicos de sobrevivência pelo estado de Israel, que não poupa nem mesmo jornalistas e voluntários de ONGs de ajuda humanitária.
Frente a essa situação, é fundamental se posicionar em defesa do povo palestino e exigir um cessar-fogo imediato, a liberdade dos presos políticos palestinos (muitos deles crianças) e a imediata ruptura de relações diplomáticas, econômicas e acadêmicas com o regime de Apartheid e limpeza étnica de Israel.
É preciso que a USP, a FFLCH, todos os seus institutos e unidades - assim como todas as universidades brasileiras - sigam o exemplo que se espalha das universidades estadunidenses para todo o mundo e construam uma forte campanha de mobilização pela ruptura imediata de todos os convênios de cooperação acadêmica e científica com o estado sionista, genocida e racista de Israel.
A postura, por exemplo, da Congregação da FFLCH de se posicionar contra esse genocídio foi importante e correta. Fazemos coro com a reivindicação da Congregação por um Palestine Corner para representar o Estado Palestino na Universidade de São Paulo. Não obstante, manter qualquer tipo de relação com esse genocídio é ser conivente com o maior atentado à dignidade humana em curso. Uma mancha que jamais se apagará da história daquelas universidades que tomarem o lado do apartheid israelense.
Assim como as demais universidades israelenses, a Universidade de Haifa, a Universidade Hebraica e a Universidade Ariel, que possuem convênios com a USP, ajudam a desenvolver tanto a tecnologia empregada no genocídio palestino, como as bases científicas e acadêmicas de sustentação da ideologia e do estado sionistas. E assim como o “Israel Corner”, em convênio com o Consulado Geral de Israel em São Paulo, esses convênios são os enclaves de Israel na USP para perpetuar a produção de conhecimento voltada ao genocídio e ao extermínio.
As entidades, coletivos, estudantes, docentes e funcionários que assinam esse manifesto exigem que a USP como um todo - assim como as demais universidades brasileiras e o próprio governo brasileiro - rompam imediatamente relações com o estado de Israel, atendendo o chamado internacional do povo palestino por boicote acadêmico, o que inclui a imediata renúncia aos convênios acadêmicos vigentes e a quaisquer relações atreladas ao estado de Israel; que, em especial a FFLCH delibere pela imediata renúncia com a universidade de Haifa por parte de sua Congregação e de seu Conselho Técnico Administrativo. Nesse sentido, também exigimos que se retire todo e qualquer processo administrativo aos estudantes que se solidarizaram ao povo palestino; a mídia e a reitoria tentam igualar antissionismo com antisseminismo, usando isso como justificativa para perseguir o movimento de solidariedade à Palestina. Não aceitaremos intimidações e perseguições: abaixo qualquer repressão!
Convocamos a comunidade da USP e da FFLCH a seguir o exemplo das universidades estadunidenses e de todo o mundo em defesa do povo palestino!
ESPP USP - Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino