O centro de Porto Alegre continua enchendo d’água nesta segunda-feira (6) e vídeos assustadores publicados nas redes sociais dão a dimensão desse colapso climático para quem está longe das terras gaúchas. Cerca de 85% da população da capital do Rio Grande do Sul está sem abastecimento de água e a prefeitura decretou um racionamento. Além disso, bairros centrais como Menino Deus e Cidade Baixa estão sendo evacuados nessa noite.
O bairro Menino Deus é onde fica o Hospital Mãe de Deus, um dos principais do centro de Porto Alegre, e que já foi evacuado entre ontem e hoje. Já a Cidade Baixa é um famoso bairro cultural e boêmio da cidade, que também está completamente alagado.
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Na tarde desta segunda foi feito o desligamento da Casa de Bombas 16, que atende ao Menino Deus e à Cidade Baixa, por isso os bairros precisaram ser evacuados. A Casa de Bombas é um equipamento público que ajuda a escoar as águas do Guaíba que chegam à cidade. No entanto, por conta do alagamento da própria instalação, operadores passaram a sofrer com choques elétricos e, por isso, o local precisou ser desligado.
De acordo com o Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos), a Casa de Bombas funciona com alagamentos de até 3 metros. Mas as ruas de Porto Alegre já registram inundações de pelo menos 5 metros, sobrecarregando o equipamento público. Além da Bomba 16, as bombas 13 e 14 também estão desativadas desde o final de semana. A Bomba 14 está em processo de reativação, porém sem previsão para a conclusão. Já a Bomba 15, de acordo com a Prefeitura, opera parcialmente.
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Ao todo, 458 mil pessoas estão sem luz e mais de 750 mil sem acesso a água potável. A Prefeitura então decretou um racionamento de água e determinou que está proibido usar o recurso para qualquer fim que não seja a ingestão, preparação de alimentos ou higiene pessoal. Lavagens de carros e outras atividades estão vetadas.
A cidade agora tem 62 vias totalmente bloqueadas e outras 13 parcialmente. Só há três acessos seguros para chegar e deixar a capital gaúcha: as estradas RS-118 e RS-040 e a Avenida Bento Gonçalves. A informação foi confirmada pela Prefeitura.
Além disso, às 18 horas a Defesa Civil atualizou os números do colapso. As mortes subiram para 85 pessoas e a tragédia afeta mais de 1 milhão de gaúchos. Também há 134 desaparecidos e 339 feridos, além de 154 mil desalojados e 48 mil pessoas que estão em abrigos.
Ao longo da tarde e da noite, os moradores deixaram região. Nas redes sociais, a deputada estadual Laura Sito (PT) mostrou imagens das ruas completamente alagadas.
Imagens aéreas produzidas por Chico Santana e divulgadas pela Mídia Ninja no X, antigo Twitter, também mostram o avanço das águas na região atendida pela Casa de Bombas 16. A energia elétrica foi cortada ali por questões de segurança.
Em outro vídeo, publicado pelo portal Sul21, é possível ver o rápido aumento do volume das águas na Cidade Baixa, enquanto moradores preparam um barco para percorrer a região com o objetivo de resgatar vizinhos ilhados.
No início da noite, às 18h33, a página Porto Alegre 24 Horas mostrou o trânsito intenso das grandes vias da capital gaúcha que levam a Viamão, no interior, e a municípios do litoral norte. Praticamente estamos falando de pessoas desalojadas ou desabrigadas. “E foi o dia todo assim”, diz a publicação.
Não muito longe dali, indo em direção à zona norte da cidade, socorristas em barco estavam no bairro Humaitá – que é vizinho ao aeroporto Salgado Filho – e gravaram um vídeo diante de dois conjuntos habitacionais.
“Acabou de descer uma senhora que nós vamos resgatar agora. Olha lá! Mais gente ali, e ali”, disse apontando para uma série de prédios. “Cheio de gente precisando de ajuda aí, quem tem barco pode vim ajudar que temos muita gente para resgatar”, diz o socorrista.
O aeroporto, como já se sabe, também está alagado. Mas as imagens aéreas divulgadas a seguir mostram o tamanho do alagamento. Visualmente falando, os terminais de embarque acabam por se confundir com um cais de porto, enquanto que as aeronaves, com água até suas bases, só não são confundidas com barcos por conta das asas ainda à mostra.