Em meio ao colapso climático vivido pelo Rio Grande do Sul, as luzes de alerta também se acendem no Paraná, que corre o risco de passar por situação semelhante e com menos meios para se prevenir. O Estado tem aproximadamente 450 barragens com condições de funcionamento desconhecidas e o Plano de Segurança de Barragens apresentado em 2019 pelo deputado estadual Requião Filho (PT) ainda não saiu do papel.
Ele apresentou o Projeto de Lei 403/2019 logo após o crime ambiental de Brumadinho, em Minas Gerais. O Plano de Segurança de Barragens foi elaborado cumprindo todos os ritos de participação pública e com apoio de engenheiros e especialistas. A ideia começar o trabalho do zero, mapeando todas essas barragens e suas condições de funcionamento. Há barragens de contenção de chuvas, de mineração e PCHs, ou seja, Pequenas Centrais Hidrelétricas.
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Protocolado à época, o projeto entra no quinto ano em que aguarda para entrar em pauta na Assembleia Legislativa do Paraná. Depois da apresentação do mesmo, alguns episódios de enchentes acometeram o povo paranaense.
Em novembro de 2022, as rodovias do estado sofreram com fortes chuvas e registraram vários bloqueios no sentido litoral das BRs 277 e 376. No início de 2023, foi a vez da cidade de Bandeirantes, no norte do estado, viver uma situação de extrema gravidade. Após um período de fortes chuvas, foi registrada uma grande inundação na cidade com o transborde de represas e barragens da região.
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De acordo com moradores, o nível do rio Ribeirão das Antas estava acima do normal e não houve sequer avisos de risco à população. Cerca de 700 pessoas ficaram desabrigadas e 12 dos 43 bairros da cidade foram afetados.
À época, parlamentar petista alertou para a urgência do projeto e apontou que a negligência do Governo do Paraná tinha ficado ainda mais evidente em relação ao engavetamento do texto.
“O que ocorreu no Norte Pioneiro não pode se repetir. Foram estragos materiais que afetaram em cheio a Vila São Pedro, a Vila União, o Jardim Primavera e a região do Bela Vista. Mas poderia ter sido muito pior, porque sabemos que existem outras barragens - até maiores - na cidade que precisam ser monitoradas. Foi calamidade que poderia ter sido evitada”, disse Requião Filho à época.
Agora, com o que ocorreu nos últimos dias no Rio Grande do Sul, o sinal de alerta voltou a acender com o rompimento da barragem 14 de Julho na última quinta-feira (2) e as consequentes imagens que afetaram centenas de milhares de gaúchos e chocaram o Brasil e o mundo. Nesse contexto, o RS tem mais quatro barragens com risco de rompimento e a Defesa Civil estadual emitiu alertas determinando a evacuação das comunidades e de sete cidades próximas.
Requião Filho aponta que muitas vidas foram preservadas com este alerta no RS, mas que seu Estado está à deriva caso haja algo semelhante, especialmente por conta da falta de monitoramento pelo Governo Estadual. Ele faz um apelo para que o texto proposto anos atrás seja posto em pauta.
“Quantas pessoas precisam morrer para este governo se mexer? Não podemos deixar a população à mercê da sorte, precisamos trabalhar com a prevenção. Queremos que o governo crie com urgência um departamento formado por engenheiros e geólogos, com trabalho específico focado no estudo, monitoramento e mapeamento de áreas de risco. Poderiam, inclusive, aproveitar essa época de seca para fazer a limpeza necessária nessas áreas, reparos e a devida manutenção preventiva das represas e reservatórios paranaenses. Ações que todo gestor público tem a obrigação de fazer, mas sequer nosso projeto é colocado em pauta”, alertou o deputado.