A situação de calamidade vivida no Rio Grande do Sul se acentuou na tarde deste sábado (4). Por volta das 16h o dique da Fiergs (próximo à Federação das Indústrias do Estado do RS), na zona norte de Porto Alegre, cedeu à vazão das águas das enchentes e a população que vive na região da Avenida Assis Brasil precisou ser evacuada às pressas.
Cenas de caos tomaram conta da região, conforme relatos publicados na imprensa e nas redes sociais. Pessoas foram flagradas correndo pelas ruas a fim de fugir das águas, enquanto comerciantes tentavam salvar mercadorias e motoristas trafegavam na contramão, também com a intenção de ir para um lugar seguro.
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O Exército e a EPTC (Empresa Pública de Transporte Coletivo) estão na região e tentam orientar a população que está sendo removida para locais seguros. O dique, que já apresentava riscos na última sexta-feira (3) quando a Prefeitura instalou sacos de areia para reforçar suas bases, está sendo monitorado pelas autoridades.
O alerta a respeito da sobrecarga do dique da Fiergs é válido principalmente para os bairros de Sarandi, Santa Rosa de Lima e Rubem Berta.
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Laura Sito, jornalista e deputada estadual pelo PT, publicou imagens da rua em que mora completamente alagada.
“Essa é a rua da minha casa no Sarandi. O dique ao lado da Fiergs começou a vazar muito. A recomendação é para que as pessoas deixem a região. Agora é a hora de salvar vidas”, escreveu.
Situação de Canoas
Em Canoas, na Região Metropolitana, a situação também é de calamidade pública, com as ruas inundadas e o trânsito de barcos e helicópteros que tentam resgatar atingidos. Imagens divulgadas nas redes mostram o desespero da população.
Nos comentários, moradores pedem socorro. Uma internauta pede que enviem resgate ao número 726 da rua Taquari, enquanto outra usuária pede um helicóptero ao número 699 da rua das Araucárias para resgatar uma idosa acamada.
Na última sexta-feira (3) cerca de 50 mil pessoas de quatro bairros de Canoas já haviam sido evacuadas. Muitas foram levadas a abrigos, enquanto a maioria se dirigiu a casas de parentes e amigos que estão em áreas seguras.
Nesse sábado (4), o Hospital de Pronto Socorro da cidade precisou ser evacuado e os pacientes transferidos para o Hospital Nossa Senhora das Graças.
Defesa Civil
Em boletim divulgado no final desta manhã, a Defesa Civil atualizou para 56 o número de mortos em decorrência das enchentes no Rio Grande do Sul. Há ainda 67 desaparecidos, 74 feridos, 32.962 pessoas fora de casa, sendo 8.296 pessoas em abrigos e 24.666 desalojadas.
Ao todo, 281 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 377.497 mil pessoas.
Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), "esses números podem mudar ainda substancialmente ao longo dos próximos dias, na medida em que a gente consiga acessar as localidades e consiga ter a identificação de outras vidas perdidas".
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informa que 188 trechos de rodovias enfrentam algum tipo de bloqueio em razão disso. Do total, cinco trechos de rodovias federais e 28 trechos de rodovias estaduais sofrem bloqueio parcial. Os demais trechos enfrentam bloqueios totais.
A Rio Grande Energia (RGE), concessionária de energia elétrica que atende parte do estado, divulgou que 296 mil clientes, a maioria deles em áreas alagadas, estão sem luz. As regiões mais afetadas são Vale do Taquari (92,1 mil), Metropolitana (88,4 mil), Vale do Rio Pardo, (43,8 mil), Vale do Sinos (34 mil), Serra Gaúcha (12,4 mil), Planalto (11,7 mil), e Central (9,3 mil).
A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que atende a outras regiões do estado, afirmou que há 54 mil clientes sem energia, principalmente nos municípios de Guaíba, Porto Alegre e Alvorada. Destes, 40 mil foram desligados por uma questão de segurança por solicitações da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e das prefeituras municipais.
Guaíba atinge maior nível de sua história
O Guaíba, em Porto Alegre (RS), atingiu 4,77 metros, em torno das 21h desta sexta-feira (3), chegando ao maior nível de sua história, segundo a Defesa Civil Municipal. A medição feita no gasômetro ultrapassou a cheia histórica de 1941, de acordo com o órgão.
O valor máximo chegou a alcançar 4,79 metros na madrugada de sábado (4), em medição feita pela prefeitura no Cais Mauá e passou para 4,82 por volta de 1h da madrugada. O nível atingiu 4,88 metros nos primeiros minutos do dia, na medição feita no Gasômetro.