SÃO PAULO

Playboy do Porsche está foragido da Justiça

Polícia Civil de São Paulo foi à sua casa para cumprir mandado de prisão e não o encontrou

Fernando Sastre, o motorista do Porsche.Créditos: Reprodução de Vídeo
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Fernando Sastre de Andrade Filho (24) é o motorista do Porsche que em 31 de março estava a quase 115 km/h na Avenida Salim Farah Maluf, na zona leste de São Paulo, quando bateu na traseira do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana e causou sua morte. Neste sábado (4) ele passou a ser considerado foragido da Justiça depois que a Polícia Civil foi à sua casa cumprir mandado de prisão e não o encontrou.

Depois de ter tido por três vezes o pedido de prisão negado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) ordenou nesta sexta-feira (3) a prisão preventiva de Fernando Sastre de Andrade Filho, que ficou conhecido por "Playboy do Porsche".

O Ministério Público (MP) recorreu ao TJSP após a decisão da Justiça que havia negado o terceiro pedido de prisão feito pela Polícia Civil de SP. O desembargador João Augusto Garcia concedeu a liminar pleiteada pelo MP, decretando a prisão preventiva de Fernando Sastre Filho.

O motorista do Porsche é réu por homicídio doloso qualificado e lesão corporal gravíssima, ambos na modalidade por dolo eventual, que é assumir o risco de matar e ferir.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, uma vez foragido as forças de segurança fazem diligências para tentar encontrá-lo. Se não for capturado durante o final de semana, sua defesa anunciou que ele irá se entregar na próxima segunda-feira (6).

Ouvido pelo Uol, o advogado Jonas Marzagão – que defende Sastre – afirma que pretende conversar com o juiz responsável pelo caso. Seu objetivo é garantir a integridade física do réu, uma vez que o caso tomou proporções nacionais ao ser noticiado pela imprensa.

O advogado também revelou que vai recorrer da decisão e, caso não obtenha sucesso, pretende sugerir que seu cliente seja encaminhado ao presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, por questões de segurança.

Relembre o caso

Em 31 de março Sastre dirigia a 114,8 km/h na Avenida Salim Farah Maluf, cujo limite é de 50 km/h, quando colidiu na traseira do veículo do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, resultando na sua morte imediata.

O juiz de primeira instância, Roberto Zanichelli Cintra, negou o pedido de prisão preventiva feito pela promotora Monique Ratton, que alegou que Fernando dirigia em alta velocidade e sob efeito de álcool, segundo testemunhas. O MP também apontou que o réu influenciou uma testemunha a depor a seu favor, desrespeitando uma medida cautelar.

O acidente fatal foi gravado por câmeras de segurança, e as investigações apontam que o motorista já esteve envolvido em outros acidentes de trânsito, sempre em alta velocidade.

A conduta de dois policiais militares que atenderam à ocorrência do acidente envolvendo o Porsche está sob investigação da Corregedoria da Polícia Militar de SP. Eles liberaram Fernando Sastre de Andrade Filho, o condutor do veículo, sem realizar o teste do bafômetro, aparelho essencial para verificar a presença de álcool no organismo.

Segundo imagens das câmeras corporais dos policiais, um deles conversou com um bombeiro que prestou socorro, confirmando que o empresário havia ingerido bebidas alcoólicas.

A mãe de Fernando, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, interveio na situação, persuadindo os PMs a liberarem seu filho com a promessa de levá-lo para um hospital, alegando que ele estava ferido na boca. No entanto, nem Fernando nem sua mãe buscaram atendimento médico.

O relatório final do 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, indicou que Daniela teria ajudado Fernando na fuga, mas não a indiciou pelo crime. O Ministério Público também não responsabilizou a mulher criminalmente.

Reconstituição do acidente

A Polícia Técnico-Científica está em processo de reconstituição do acidente que resultou na colisão do Porsche, conduzido por Fernando Sastre de Andrade Filho, com o veículo do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana.

Peritos do Instituto de Criminalística (IC) estiveram no local do acidente na semana passada, utilizando drones e scanner laser 3D para capturar imagens que serão usadas na elaboração de uma animação. Essa reprodução simulada, também conhecida como reconstituição, será parte integrante do processo.

A defesa de Fernando afirmou que confia plenamente na Justiça e ressaltou que todas as medidas impostas estão sendo rigorosamente seguidas.

Os advogados Jonas Marzagão e Elizeu Soares de Camargo declararam que "a decisão do magistrado é irretocável, pois a lei deve ser igual para todos, independente do carro que a pessoa possui". Eles também respeitam a decisão de sigilo processual determinada pelo Juiz.

Luam Silva, filho de Ornaldo, o motorista falecido no acidente, expressou recentemente seus sentimentos nas redes sociais, escrevendo: "Um sentimento de injustiça gigantesco dentro de mim".