CASO PORSCHE

'Playboy de Porsche' pressionou a namorada para negar que ele havia bebido, diz MP

Para o órgão, depoimento foi combinado com a mãe de Fernando Sastre, indiciada como coautora do crime que matou o condutor Ornaldo da Silva

Namorada foi a única testemunha a negar embriaguez.Créditos: Reprodução/ Vídeo
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O Ministério Público acredita que Fernando Sastre de Andrade Filho, que ficou conhecido como Playboy do Porsche, que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, tenha pressionado a namorada, Giovanna Pinheiro Silva, para que ela negasse que ele havia bebido antes de dirigir. 

De acordo com a promotora de justiça Monique Ratton, desde o primeiro pedido de prisão de Fernando havia receio de que a namorada "fosse por ele compelida, pressionada e convencida" a negar a embriaguês de Fernando, que já havia sido relatada pelo carona e amigo do motorista"Receio que veio a se concretizar em relação a tal testemunha", afirma a promotora. 

Para o MP, a namorada combinou a versão do depoimento com a mãe de Fernando, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, que foi indiciada como coautora do crime.

"Isso é depreendido (percebido) do teor do depoimento prestado com várias passagens idênticas à versão (da mãe do motorista) sobre os fatos, indicando-se que houve contato entre elas e/ou ao menos com os advogados, negando ainda que Fernando tenha bebido e alegando que a discussão se deu por outro motivo, de forma totalmente forçosa e tendenciosa", observa a promotora.

Em seu depoimento, Giovanna foi a única testemunha a negar que Fernando havia ingerido álcool antes de dirigir. Para a promotora, esse fato confirmaria que ela foi pressionada a mudar sua versão dos fatos.

Outro fato que corrobora a versão do MP é que Giovanna confirmou que os policiais liberaram Fernando antes de realizar o teste do bafômetro a pedido da mãe. Porém, ela "sequer presenciou tais fatos e os diálogos de liberação", afirma a promotoria.

Pedido de prisão negado pela terceira vez

O MP havia pedido a prisão de Fernando, nesta segunda-feira (29), mas a Justiça de São Paulo negou pela terceira vez. No pedido, o órgão afirma que a prisão preventiva era necessária para evitar que o empresário influencie testemunhas, “como já fez ao longo das investigações”.

Ao negar o pedido, o juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri de São Paulo, disse que o MP não recorreu das outras decisões, "o que leva a concluir que se deu por satisfeito com a concessão de medidas cautelares diversas da prisão em desfavor do acusado”.

Ainda assim, a Justiça acatou a denúncia do MP e tornou o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, réu por homicídio doloso qualificado e lesão corporal gravíssima. Nos dois casos, ele será acusado por dolo eventual, que é quando alguém assume o risco de matar e ferir.