Parte da investigação sobre a tentativa de explosão de um caminhão-tanque nos arredores do aeroporto de Brasília vai tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF). A determinação é do ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes.
A decisão de Moraes foi assinada na quarta-feira (29). O ministro acolheu pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e entendeu que o atentado pode ter ligação com os atos golpistas de 8 de janeiro, que também são investigados pelo STF.
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Com a decisão, o processo deixará de tramitar na Justiça do Distrito Federal, e a Policia Federal (PF) terá prazo de 30 dias para realizar as diligências cabíveis.
No ano passado, os três envolvidos na tentativa de explosão foram condenados. O empresário George Washington de Oliveira Sousa recebeu pena de nove anos e quatro meses de prisão. Alan Diego dos Santos Rodrigues deverá cumprir pena de cinco anos e quatro meses.
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Wellington Macedo de Souza, terceiro envolvido, foi condenado a seis anos de prisão. Ele foi acusado de expor a integridade física da população mediante uso de explosivo.
A Advocacia-Geral da União (AGU) também entrou na Justiça para cobrar R$ 15 milhões dos acusados. O órgão sustenta que eles colocaram em risco a vida e o patrimônio de terceiros e tentaram causar comoção social para justificar decretação de intervenção militar e impedir o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva de tomar posse em 1° de janeiro de 2023.
Relembre o caso
No dia 24 de dezembro de 2022, Véspera de Natal, a polícia do Distrito Federal frustrou uma tentativa frustrada de atentado à bomba no Aeroporto Internacional de Brasília. O objetivo do ato terrorista era criar o caos na capital federal para justificar a tão aclamada “intervenção militar” que manteria o hoje inelegível Jair Bolsonaro (PL) no poder apesar da derrota nas urnas.
Em nome do líder, os bolsonaristas, incluindo o homônimo do primeiro presidente dos EUA, George Washington, empresário do Pará, estavam dispostos a transformar o Natal, data de paz, fraternidade e conciliação, em um mar de sangue na capital.
Tudo isso depois do Brasil acompanhar um ataque de depredação no dia 12 quando Lula era diplomado para seu terceiro mandato como presidente da República e uma série de episódios envolvendo os acampamentos na frente dos quartéis e ocupações de estradas.
George Washington, de 54 anos, foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) naquela noite acusado de ter participado do plano. Naquele momento ele era suspeito de ter fabricado a bomba desativada pela Polícia Militar horas mais cedo.
O artefato explosivo foi colocado em um caminhão-tanque nos arredores do aeroporto da capital federal e encontrado pelo próprio motorista do veículo, que então chamou a polícia. Mais tarde, ficaria comprovada a importância dos acampamentos no plano.
O objetivo atentado foi, nas palavras de George Washington, “para explodir o aeroporto e criar um clima de caos social que justificasse uma intervenção federal e uma ação do Exército mediada por Bolsonaro, que o mantivesse no poder”.
Apoiador radical do então presidente Bolsonaro, o homem tinha licença CAC (Caçador, Atirador e Colecionador), era militante armamentista por inspiração do próprio ídolo e viajou do Pará, onde vivia, para participar de atos no acampamento localizado diante do Quartel General (QG) do Exército em Brasília.
Ele portava sua licença CAC para justificar em uma eventual averiguação policial o porte de tantas armas. Diria que estava indo para uma competição de tiro.
No ato de sua prisão, foi localizado em um apartamento no setor Sudoeste do Plano Piloto, onde se hospedava de aluguel enquanto fazia militância na capital.
Sua última postagem no Twitter, antes de ser preso, foi um vídeo do comentarista Rodrigo Constantino, à época na Jovem Pan, com ataques a Lula e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com George Washington, no apartamento alugado em Brasília, a polícia encontrou um arsenal avaliado em R$ 160 mil, repleto de fuzis, pistolas e munições, além de dinamites que um CAC não tem permissão para portar. Ele também chegou a defender uma sublevação de CACs para impedir a posse de Lula.
Dias antes da tentativa de atentado, ele recebeu cerca de R$ 30 mil em Pix provenientes de outros bolsonaristas e mais tarde um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) diria que a ação foi financiada.
Em 11 de maio de 2023, após meses respondendo a processo sobre o episódio, finalmente foi condenado a 9 anos e 4 meses de prisão. Seu comparsa, Alan Diego Rodrigues, também foi condenado, mas a 5 anos e 4 meses.
Um terceiro homem apontado pelas autoridades como cúmplice do plano é o jornalista Wellington Macedo, que já trabalhou no gabinete da ex-ministra e senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Ele foi preso no último dia 14 de setembro quando tentava fugir para o Paraguai e foi condenado a 6 anos de prisão.
No dia 18 de maio, George Washington de Oliveira Sousa, passou a cumprir o restante da pena de 9 anos e 8 meses em regime semiaberto. A decisão permite que ele trabalhe fora da prisão durante o dia.
Com informações da Agência Brasil