O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal (PF) a ouvir o delegado Rivaldo Barbosa, preso por envolvimento na morte de Marielle Franco, e que havia implorado para prestar depoimento há quase um mês.
Agora, a PF tem cinco dias para colher o depoimento. O ministro ressaltou que os investigadores devem assegurar o direito ao silêncio e à garantia de não incriminação.
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Rivaldo Barbosa está preso desde o dia 24 março, após operação que também prendeu os irmãos Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, acusados como mandantes da morte de Marielle.
Já no mês passado, ao ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF, o delegado, da prisão, enviou um bilhete a Moraes em que pedia "pelo amor de Deus" para ser ouvido pelos investigadores.
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"O delegado quer provar sua inocência, aparentemente, e pediu ao ministro Alexandre de Moraes para depor à Polícia Federal. Um mês após a prisão preventiva dos envolvidos, ainda não foram colhidos os depoimentos [...] Ainda não há nos autos notícias do cumprimento daquela determinação judicial, pois até o momento nenhum dos investigados foi ouvido", afirmaram os advogados de Rivaldo.
Envolvimento de Rivaldo Barbosa
De acordo com a investigação da PF, Rivaldo Barbosa planejou "meticulosamente" o crime em parceria com Chiquinho e Domingos Brazão, representantes da milícia. O delegado foi o responsável por omitir provas e obstruir as investigações.
“Se mostra indubitável a conclusão de que Rivaldo Barbosa instalou na diretoria de divisão de homicídios um verdadeiro balcão de negócios destinado a negociatas que envolviam a omissão deliberada ou o direcionamento de investigações para pessoas que se sabiam inocentes. Para tanto, Rivaldo fez negócio com contraventores, milicianos e, como se vê no caso em tela, políticos, no afã de se locupletar financeira e politicamente”, afirmam os investigadores.
Segundo Marcelo Freixo, amigo de Marielle e ex-presidente da CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rivaldo Barbosa recebeu a família da vereadora um dia depois do assassinato, se comprometendo a descobrir quem seriam os envolvidos com o crime.
"Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro", revelou Freixo através do X (o antigo Twitter), no dia de prisão do delegado.