QUEM MANDOU MATAR

Ex-chefe da Polícia Civil preso por morte de Marielle foi nomeado por Braga Netto e assumiu cargo na véspera do crime

Rivaldo Barbosa é apontado como um dos autores intelectuais do assassinato da vereadora e teria agido para não deixar as investigações avançarem

Rivaldo Barbosa foi nomeado por Braga Netto como chefe da Polícia Civil do Rio na véspera do assassinato de Marielle.Créditos: Ricardo Borges/Folhapress; Mateus Bonomi/AGIF/Folhapress
Escrito en BRASIL el

Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro que foi preso neste domingo (24) pela Polícia Federal (PF), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, assumiu o cargo um dia antes do crime.

LEIA TAMBÉM:

Domingos e Chiquinho Brazão: as relações dos supostos mandantes do assassinato de Marielle com o clã Bolsonaro

Além dele, foram presos, também apontados como aqueles que encomendaram a morte de Marielle, Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio de Janeiro. 

Barbosa foi nomeado para o comando da Polícia Civil, em março de 2018, pelo general Walter Souza Braga Netto, à época interventor da Segurança Pública no Rio de Janeiro, e que, depois, veio a ser ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro e candidato a vice-presidente na tentativa frustrada de reeleição do ex-mandatário. 

Ex-diretor da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa assumiu a chefia da Polícia Civil em 13 de março de 2018. Marielle Franco foi assassinada no dia seguinte, ou seja, em 14 de março. 

Segundo Marcelo Freixo, amigo de Marielle e ex-presidente da CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rivaldo Barbosa recebeu a família da vereadora um dia depois do assassinato, se comprometendo a descobrir quem seriam os envolvidos com o crime

"Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro", revelou Freixo através do X (o antigo Twitter), neste domingo (24). 

Rivaldo Barbosa foi preso pela PF sob a acusação de ter "preparado" o assassinato de Marielle junto a Domingos e Chiquinho Brasão e atuado para barrar o avanço das investigações sobre o crime. 

Supostos mandantes presos 

A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã deste domingo (24), os suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, mortos de maneira brutal em 14 de março de 2018. São eles: Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro; Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio de Janeiro e irmão de Domingos; e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil. 

As prisões foram realizadas na operação "Murder Inc.", deflagrada de forma conjunta entre a PF, Procuradoria-Geral da República (PGR) e Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Além das detenções, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, todos no Rio de Janeiro, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

Os nomes dos mandantes do crime foram obtidos a partir da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, suspeito de participação no assassinato que está preso desde 2019. 

A motivação exata para o assassinato ainda é desconhecida, mas as investigações que haveria relação com a expansão territorial da milícia na capital fluminense. 

A Polícia Federal (PF) divulgou uma nota oficial sobre a operação deflagrada na manhã deste domingo (24) que prendeu os suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco. 

Confira: 

"A Polícia Federal deflagrou neste domingo (24/3) a Operação Murder Inc., no interesse da investigação que apura os homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. A ação conta com a participação da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Estão sendo cumpridos três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, todos na cidade do Rio de Janeiro/RJ.

A ação conta ainda com o apoio da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro e da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e tem como alvos os autores intelectuais dos crimes de homicídio, de acordo com a investigação. Também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de justiça".