A capital gaúcha Porto Alegre enfrentou mais um dia difícil nesta quinta-feira (23) com o temporal que atingiu a cidade e fez com que a água, que já havia baixado em alguns bairros, voltasse a subir. Regiões que antes não tinham sido inundadas, agora, registram enchentes e a reconstrução que havia se iniciado teve que ser interrompida.
Cavalhada, Menino Deus, Praia de Belas, Cidade Baixa e outras regiões do centro de Porto Alegre foram as áreas mais atingidas pelas novas cheias.
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A chuva teve início ainda na madrugada e, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), até 19h já havia chovido 117 mm, marca que supera os 108,4 mm registrados no início de maio, quando as enchentes começaram. O nível do Guaíba, que vinha caindo consideravelmente, subiu 9 centímetros em apenas 5 horas e, agora, está em 3,92 metros - 92 cm a mais que a cota de inundação.
Moradores têm apontado o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), como o principal culpado pelas novas enchentes. Isso porque a prefeitura havia orientado a população a deixar lixo e entulho nas calçadas em locais onde a água já havia baixado para que a equipes municipais fizessem a coleta, o que não teria ocorrido. Com o temporal desta quinta-feira, então, este entulho teria entupido bueiros, impedindo o escoamento da água.
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Vídeos que circulam nas redes sociais mostram as pessoas desentupindo bueiros com as próprias mãos, na tentativa de fazer a água escoar. Em bairros onde não há sistema de drenagem, córregos chegaram ao seu nível máximo e a água retornou aos bueiros, inundando as ruas, segundo o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae).
"Como o nível destes arroios está elevado, as águas da chuva não têm para onde escoar. Por isso, acabam retornando pelas bocas-de-lobo", informou o órgão através das redes sociais.
Em coletiva de imprensa, o prefeito Sebastião Melo se isentou de qualquer responsabilidade pela volta das inundações e culpou a chuva, sem fazer menção às falhas na prevenção e no sistema de escoamento da cidade.
"A prefeitura não foi pega de surpresa, sabia que ia chover. A meteorologia dizia 60, 80 milímetros, mas a chuva caiu de forma intensa. Passou de 130 milímetros em alguns lugares (...) A causa da elevação [de água]? É a chuva. Chuva em Porto Alegre, chuva nas cabeceiras e no curso desses rios", declarou.
Colapso climático no RS
O Rio Grande do Sul contabiliza, desde 29 de abril, 163 mortes em meio às enchentes causadas pelos fortes temporais - consequência das mudanças climáticas - e falta de prevenção. Em um boletim divulgado às 9h desta quinta-feira (23), a Defesa Civil informou que ainda há 72 pessoas desaparecidas. Além disso, há 647,4 mil pessoas desalojadas, incluindo aquelas que estão em abrigos e as que se encontram na casa de parentes ou amigos.
Veja vídeos das novas enchentes em Porto Alegre