SAÚDE PÚBLICA

Leptospirose no RS: número de suspeitas passa de 200 e já equivale ao total de casos do ano de 2023

Problema sanitário se agrava após enchentes e confirmação do primeiro óbito da doença pela Secretaria Estadual da Saúde (SES); veja levantamento

Bactéria causadora da leptospirose fica presente em águas contaminadas e penetra no corpo humano pela pele.Créditos: Gustavo Mansur/Palácio Piratini
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A Secretaria Estadual da Saúde (SES) confirmou na segunda-feira (20) a morte de um homem de 67 anos, residente em Travesseiro, um dos municípios atualmente em estado de calamidade pública, por leptospirose. A vítima, cujos primeiros sintomas apareceram no dia 9, morreu na última sexta-feira (17). 

Esta, que não é a primeira morte por leptospirose no estado este ano - outras seis já haviam sido registradas até a segunda quinzena de abril, segundo a SES, foi a primeira após o início da tragédia na região.

Desde então, o estado tem investigado 268 possíveis casos da doença e confirmou 68 casos de leptospirose. De acordo com a Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro de Vigilância em Saúde do RS, casos prováveis de hepatite A, influenza, tétano acidental e doença diarreica aguda em decorrência das enchentes também estão sendo investigados.

Doenças das enchentes

Com as enchentes, a água se espalha de maneira incontrolável. No caso do RS, entrou em contato direto com esgoto. Este, por sua vez, pode conter fezes e urina de roedores, que transmitem a leptospirose. A Leptospira, bactéria causadora da doença presente na água, então, penetra no corpo humano pela pele, principalmente se houver algum arranhão ou ferimento, segundo informações do Ministério da Saúde.

Outro risco é a bactéria causadora do tétano, como já citada. Ela pode estar presente em fezes de animais e de seres humanos, na terra, nas plantas e em objetos já contaminados. E, como visto em diversos noticiários, muitos animais estavam presentes nas inundações, o que aumenta esse risco. Acidentes com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e cobras, provocado pelo ambiente com entulhos e destroços, como também reportado aqui na Fórum, podem ocorrer com maior frequência, além da hepatite A, causada pelo contato das fezes com a boca.

Roberta Vanacôr, chefe da Vigilância, é a responsável pelo levantamento recente feito para o jornal Matinal, um dos principais veículos de Porto Alegre. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) orienta que indivíduos que apresentem sintomas como febre, dor de cabeça e dores no corpo, especialmente nas panturrilhas, alguns dias após o contato com água de enchente ou esgoto, devem procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo. 

O diagnóstico e o tratamento precoces são cruciais para uma recuperação bem-sucedida e o tratamento está disponível através do Sistema Único de Saúde (SUS). A SMS também está investigando casos isolados de diarreia na população, embora não tenha divulgado dados específicos. Apesar do número de casos reportados até agora em 2024, a SMS informou que a maioria dos casos são leves e não exigem internação hospitalar.