Nesta quarta-feira (1º), o governo do Brasil lançou o primeiro vídeo da campanha contra a desinformação e o discurso de ódio na internet.
O lançamento ocorreu durante um evento organizado pelo Grupo de Trabalho de Economia Digital do G20, um seminário sobre integridade da informação que contou com a participação de representantes de aproximadamente 50 países.
Te podría interesar
A peça produzida pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) foi exibida para autoridades brasileiras e estrangeiras reunidas em São Paulo (SP) para debater a relevância de ações que promovam o acesso à informação de qualidade como um recurso público essencial.
Durante seu discurso para o lançamento do vídeo, o ministro da Secom, Paulo Pimenta, destacou algumas das ações que o governo brasileiro vem implementado, como a estratégia nacional de educação midiática.
Te podría interesar
“Acreditamos que a integridade da informação depende do fortalecimento do jornalismo público, comunitário e privado. Estamos trabalhando na expansão da rede nacional de comunicação pública, em parceria com as universidades e institutos federais, o que vai triplicar a rede de rádios e pode duplicar as emissoras de televisão. Ampliamos os mecanismos de sustentabilidade de emissoras comunitárias e estamos caminhando para fortalecer a sustentabilidade de produtores de conteúdo jornalístico”, disse Pimenta.
O ministro disse ainda que a regulação deve ser “equilibrada para promover a liberdade de expressão e, ao mesmo tempo, proteger outros direitos fundamentais para os cidadãos”.
“Além disso, entendemos que é fundamental avançar na regulamentação democrática das plataformas digitais. O modelo de negócios das empresas favorece a disseminação da desinformação e do discurso de ódio. As plataformas precisam ter mais responsabilidade para garantir que o ambiente digital não seja usado para a disseminação de conteúdos ilegais”, afirmou.
Discurso de ódio sempre existiu
A subsecretária-geral de Comunicações Globais da Organização das Nações Unidas (ONU), Melissa Fleming, também falou na abertura do evento.
“As pessoas sempre tiveram discursos de ódio, sempre mentiram, sempre espalharam maledicências, mas [a atual] escala global e nível de sofisticação [com que estes conteúdos são disseminados] é preocupante”, declarou Melissa.
Responsável por supervisionar as operações de comunicações estratégicas da ONU, incluindo os serviços de notícias e mídia digital, Melissa comentou que a própria organização composta por 193 Estados-Membros é alvo de campanhas organizadas de desinformação.
Para a subsecretária, a divulgação de desinformação e discursos de ódio ameaça as instituições públicas e a democracia em todo o mundo, principalmente em um contexto de crescente uso de ferramentas de inteligência artificial.
“Podemos dizer que é um momento de grande ansiedade. Alguns, inclusive, podem dizer que este é um momento temeroso […] Na minha perspectiva, estamos vendo ameaças em todos os cantos do mundo […] Estamos preocupados pois sabemos que a inteligência artificial tem alimentado algoritmos projetados para atrair a atenção de usuários e amplificar postagens que geram ódio e conteúdos racistas, xenofóbicos e antissemitas, por exemplo. Ao mesmo tempo, esses mesmos algoritmos frequentemente limitam o alcance das informações verdadeiras”, comentou Melissa, defendendo o direito de as pessoas obterem informações confiáveis.
A representante da ONU destacou também a importância de um ecossistema de informação saudável em meio à era digital. Ela ressaltou os desafios enfrentados devido à disseminação de desinformação e polarização no ambiente online, enfatizando as preocupações com o impacto dessas campanhas nos processos democráticos em todo o mundo.
Melissa incentivou os países a adotarem os princípios recomendados pela ONU para fortalecerem suas iniciativas em defesa da integridade da informação, visando orientar a construção de regulamentações nacionais mais eficazes.
Bem público
O diretor-geral adjunto de Comunicação e Informação da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Tawfik Jelassi, também comentou a importância de o acesso a informações de qualidade ser tratado como um bem público.
“Esse conceito da informação como um bem público já foi endossado pela Unesco e seus Estados-Membros. É isso que precisamos promover e proteger, pois não queremos informações que representem uma ameaça pública. A questão é como transformar essa ideia em ações concretas”, disse Jelassi, acrescentando que a Unesco aprovou uma série de sugestões para a efetiva governança das plataformas digitais.
O diretor-geral da Unesco destacou o papel das plataformas e mídias sociais na democratização do acesso à informação global, ao mesmo tempo em que alertou para os desafios e riscos associados a elas. Ele endossou as preocupações sobre o potencial impacto negativo do uso indevido da inteligência artificial durante os processos eleitorais, alinhando-se às questões levantadas por Melissa Fleming.
“Sabemos que, este ano, cerca de 2,6 bilhões de eleitores de diversos países irão às urnas votar. Tememos o risco da desinformação, da [divulgação de] informações erradas que influenciam [a decisão dos] eleitores, isso quando não os impedem de participar de um processo democrático. Obviamente, o resultado destas eleições vão moldar o mundo de amanhã. E serão um teste global para a democracia e para as liberdades de expressão e de acesso à informação em todo o mundo”, afirmou Jelassi.
Assista ao vídeo contra desinformação e discurso de ódio