Segundo informações oficiais da administração divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) nesta segunda (29), houve um aumento expressivo no número de civis mortos por policiais militares em serviço em São Paulo no primeiro trimestre de 2024. Nos primeiros três meses, houve 179 casos, um aumento de 138% em comparação com os 75 casos no mesmo período do ano anterior.
Este é o maior número de fatalidades em operações da Polícia Militar (PM) no estado desde 2020, que registrou 218 vítimas. Em 2022, o número foi de 74 casos. A região foi afetada pela retomada de ações letais com Tarcísio, que como esperado, mostrou indiferença às denúncias de violações dos direitos humanos e disse “não estar nem aí”.
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"Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí", declarou o governador bolsonarista.
Aumento alarmante em um ano
Os dados da SSP indicam um aumento nos homicídios na região de Santos durante os meses em que a operação estava ativa: em dezembro de 2023, janeiro de 2024 e fevereiro de 2024, ocorreram 40 casos, dois a mais do que nos mesmos meses dos anos anteriores (dezembro de 2022, janeiro de 2023 e fevereiro de 2023).
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As operações Verão e Escudo, realizadas pela Polícia Militar, são as respostas para o aumento de mortes na região. A primeira, que ocorreu entre dezembro do ano passado e abril deste ano, resultou em 56 mortes, enquanto a Operação Escudo, realizada entre julho e setembro de 2023, resultou em 28 mortes. No total, essas chacinas causaram pelo menos 84 mortes na região.
A Operação Verão ocupa o segundo lugar na lista das ações mais mortais já realizadas pela polícia de São Paulo. O único evento mais letal foi o infame Massacre do Carandiru, onde 111 homens perderam a vida durante a invasão da Casa de Detenção em 2 de outubro de 1992.
O Psol, por meio de seus parlamentares, já denunciou o governador e o secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PL), ao Tribunal de Haia por crimes contra a humanidade pelas operações na Baixada Santista, no litoral sul do estado. A pasta não deu declarações sobre as informações divulgadas.
O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), parte do Ministério Público de São Paulo, deu início a uma investigação focada em denúncias onde vítimas fatais das operações ainda estão sendo levadas para hospitais como se estivessem vivas.
Vidas negras e periféricas: os alvos de Tarcísio
O relatório “O Estado Dos Direitos Humanos no Mundo", divulgado na última quarta-feira (24) pela Anistia Internacional revela que a maioria das vítimas em operações e abordagens policiais são as comunidades negras e periféricas.
O texto ressalta que as operações policiais fortemente armadas orientadas para a "guerra às drogas" nas favelas e bairros marginalizados resultaram, além do alto número de mortes, em outras violações dos direitos humanos, como invasões ilegais, destruição de propriedades, tortura, outros maus-tratos, restrições à liberdade de circulação, desaparecimentos forçados e suspensão de serviços essenciais, como escolas e centros de saúde.
A organização, em parceria com o Conselho Nacional de Direitos Humanos e outras entidades, documentou 11 casos de violações graves dos direitos humanos realizadas por agentes do Estado na Operação Escudo, incluindo execuções extrajudiciais, entrada ilegal em residências, tortura e maus-tratos.