DESBOLSONARIZAÇÃO

Vereador bolsonarista chamou nordestinos de “raça podre” e agora pode ir preso

Valdir Gonçalves (Podemos-SP) foi condenado a 2 anos de reclusão em regime semiaberto pelo crime de xenofobia, mas ainda pode recorrer

O vereador Valdir Gonçalves (Podemos), da pequena cidade de Indiana, no interior de São Paulo.Créditos: Reprodução/Câmara Municipal de Indiana
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Revoltado com o resultado das eleições de 2022, em que o presidente Luiz Inácio Lula da (PT) venceu Jair Bolsonaro (PL) com significativa votação nos estados do Nordeste, o vereador Valdir Gonçalves (Podemos), da pequena cidade de Indiana, no interior de São Paulo, se achou na liberdade de ofender os eleitores nordestinos.

“Queria que desse um furacão nessa desgraça desse país inteiro. Do Norte, do Nordeste, matar todos os nortistas. Essa raça desgraçada, maldita, podre, esse lixo”, declarou o vereador em grupo de WhatsApp intitulado “Carreata Bolsonaro”.

Na mesma gravação ele ainda questionou o que poderíamos esperar de um país fundado por portugueses, negros e indígenas. Segundo ele, uma nação com essas características só podia ser um “país podre, lixo”.

O DJ Valdir, como é conhecido, acabou tendo o áudio vazado à época e foi denunciado ao Ministério Público de São Paulo. Pouco mais de um ano após as ofensas contra a metade do país, ele finalmente foi condenado a dois anos e quatro meses de reclusão em regime semiaberto, ao pagamento de dois salários-mínimos de indenização e à prestação de serviços comunitários pelo crime de xenofobia. Ainda pode recorrer.

“Logo após a apuração dos votos, ao saber que seu candidato não havia sido eleito e que a maior quantidade de votos era oriunda das regiões Norte e Nordeste, o acusado, deliberadamente, proferiu frases ofensivas em grupo do aplicativo WhatsApp”, escreveu a juíza Renata Esser de Souza, na sentença.

Outro lado

Em sua defesa, o vereador contradiz as próprias palavras, gravadas por ele mesmo, e diz que nunca teve a intenção de ofender “quem quer que seja”. Ele alega que se tratou de um desabafo, fruto de um momento de “forte emoção”. Também disse que a gravação seria apenas para um amigo, mas que mandou por engano ao grupo.

Afirma que apagou a mensagem rapidamente, mas que terceiros a salvaram justamente com o propósito de prejudicá-lo. Ele agora tentará sensibilizar a Justiça com esses argumentos na busca de reverter a condenação.