VIOLÊNCIA POLICIAL

“Vieram terminar o serviço”, diz família sobre grupo armado na rua onde morava homem jogado de ponte

Grupo de homens armados em carro descaracterizado circulou no local dois dias após violência policial contra motoboy

Créditos: Reprodução/Metrópoles
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“Vieram para terminar o serviço [e matar o jovem]. Ele ainda está com a testa machucada por causa da queda e muito assustado, ainda mais depois de saber que 'os polícia' [sic] veio atrás dele aqui. Ele foi jogado de uma ponte e só não morreu porque Deus não quis, porque não era a hora dele”, disse uma parente da família ao UOL.

A parente, que preferiu não se identificar, afirmou que o jovem deixou a casa onde vivia "por medo da polícia" e estava em um baile funk quando foi agredido antes de ser jogado da ponte. "Ele trabalha como motoboy e não é bandido. Nunca colocou o pé dentro de uma delegacia. Só estava no lugar errado e na hora errada", declarou.

Um morador, que também preferiu não se identificar, relatou que policiais militares à paisana têm procurado o jovem desde o início da semana. "Estavam todos de fuzil, mostrando a foto do jovem aos moradores e perguntando: 'Você conhece esse cara?'. Agora, os moradores estão com medo até de ficar na rua, porque não estão acostumados com a presença de pessoas armadas", afirmou.

O que se sabe

Homens armados em carro descaracterizado foram vistos na madrugada desta quarta-feira (4) circulando pela rua onde vivia o entregador Marcelo Barbosa Amaral, de 25 anos, jogado de uma ponte por um policial militar na última segunda-feira (2), na zona sul de São Paulo. O episódio gerou temor nos moradores, que já estavam assustados com a brutalidade do crime, registrado em vídeo e amplamente divulgado.

Imagens obtidas pelo Metrópoles mostram os homens usando coletes enquanto dirigiam pelo bairro Americanópolis, especificamente na Rua Comendador Artur Capodaglio, entre 0h39 e 1h23. À 0h39, o primeiro vídeo capturou três pessoas andando pela rua portando armas. Um segundo vídeo, feito cinco minutos mais tarde, registra sons de batidas em um portão seguidos por um grito, possivelmente direcionado a um dos moradores.

De acordo com testemunhas, eles se identificaram como agentes da Corregedoria, apresentando uma foto de Marcelo e indagando sobre seu paradeiro. Essa prática, comum em investigações sigilosas, gerou estranhamento devido ao horário, ao contexto e ao fato de Marcelo ter sido vítima de violência policial.

Procurada, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) informou que os homens fazem parte da Corregedoria da PM e estavam em busca do jovem. "Os agentes atuam de maneira descaracterizada (...) para levantar todas as informações necessárias à investigação", declarou o órgão.

O PM Luan Felipe Alves Pereira, de 29 anos, que jogou o jovem de uma ponte, foi preso nesta quinta-feira (5). Além dele, outros 12 policiais militares foram afastados de suas funções e encaminhados à Corregedoria da PM.

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