O Ministério de Minas e Energia do Brasil tem cultivado relações com estatais de energia da China e da Rússia para explorar as reservas de urânio do país e avançar na produção de energia nuclear.
Nesta segunda-feira (2/12), o encontro do governo se deu com a Rosatom, estatal russa que detém até 36% do mercado mundial de enriquecimento de urânio.
Te podría interesar
Em 2022, a ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A) havia firmado, com a Rosatom, um memorando para "fomentar a energia nuclear como fonte de energia 'verde', segura e indutora de crescimento socioeconômico", de acordo com comunicado do governo federal. A cooperação fora assinada durante a 66ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Nuclear (IAEA), que ocorreu, naquele ano, em Viena.
O Brasil tem lugar de destaque em reservas desse metal: desde 1970, com a descoberta de jazidas no nordeste do país, entre Ceará e Bahia, já se destacava como um dos sete países com o maior número de reservas; hoje, são estimadas mais de 400 mil toneladas ao ano de urânio apenas na mina de Lagoa Real, em Catité, no estado da Bahia, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil — com um potencial previsto de até 800 toneladas/ano.
Te podría interesar
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que têm o monopólio de exploração do recurso em solo nacional, como parte da União, estima reservas de até 232.813 toneladas de urânio só no nordeste do país, e 300 mil na região norte, entre Amazonas e Pará.
A parceria com a estatal russa deve se concentrar na produção de "pequenos reatores nucleares" capazes de reduzir os custos de transmissão da energia elétrica, além de aumentar a efetividade e a segurança do abastecimento. O governo brasileiro também estaria estudando parcerias com empresas da Austrália e dos EUA, além da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Com a Rosatom, a expectativa é chegar ao fim de 2025 com um acordo conjunto de exploração de urânio e geração de energia nuclear no Brasil, de acordo com Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia. O acordo deve prever, também, transferência de tecnologia para a eventual independência do Brasil na produção de energia nuclear, além de projetos como a abertura de novos data centers a demandar grandes quantidades de energia, de acordo com O Globo.
As usinas de energia nuclear em atividade no Brasil, Angra 1 e Angra 2, ambas localizadas em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, já são responsáveis por 3% de toda a energia gerada no país e por 40% da matriz energética do Rio de Janeiro.
A maior reserva do país, concentrada em Santa Quitéria, no estado de Minas Gerais, está em processo de autorização por parte do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para começar a ser explorada, e estima-se que possa gerar até duas mil toneladas do metal por ano.
Em outubro de 2024, um fórum promovido pela Rosatom m parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica marcava o 70° aniversário da primeira central do mundo, a soviética Obninsk, de 1954, e chegou a estimar uma produção de até 1,1 GW de energia nuclear no Brasil até 2035, conforme noticiou a Sputnik.
Em outubro de 2024, o encontro do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) levou à discussão acerca da criação de sua primeira Plataforma de Energia Nuclear conjunta. Até 2050, espera-se que os países membros do grupo produzam até metade da energia mundial, e, conforme as metas de transição energética estabelecidas pela ONU, a energia de base nuclear deve ser parte significativa das novas matrizes energéticas mundiais.