DEFESA

Avibras: negociação com investidor brasileiro desconhecido é suspensa e motivos são revelados

Ao longo dos últimos meses, a gigante nacional tem estado na mira de potenciais compradores, nacionais e internacionais, em uma série de indefinições

Maquinário da Avibras.Créditos: Avibras
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A Avibras, companhia nacional estratégica que produz tecnologias de defesa para fins civis e militares, passou por mais um revés na última segunda-feira (9/12).

Ao longo dos últimos meses, a gigante nacional tem estado na mira de potenciais compradores, nacionais e internacionais, em uma série de indefinições que envolvem o histórico decadente do quadro de funcionários e das esperadas reparações e compensações por sucetivos atrasos salariais.

Para que as negociações caminhem e a fábrica volte a funcionar, é preciso "fazer o pagamento dos salários em atraso" e "das multas, do depósito do fundo de garantia e do INSS", obrigações com que a Avibras, hoje em recuperação judicial, não conseguiu cumprir, disse, Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, durante uma assembleia realizada em novembro.

Em setembro de 2024, um grupo de indústrias chinês, o Norinco, havia visitado a sede da companhia, em Jacareí (SP), para discutir uma possível aquisição. 

Além dele, um fundo de investimentos saudita também já esteve interessado na aquisição, de acordo com rumores do setor. Em 2023, a companhia fechou uma parceria, no Fórum de Investimentos Brasil-Arábia Saudita, para a produção conjunta de equipamentos de defesa com um conglomerado saudita, Scopa Defense

Mas o mais recente comunicado da empresa, de 28/10/2024, deu um novo panorama à disputa: nele, a Avibras afirmava que havia avançado significativamente no processo de recuperação financeira, e estaria prestes a assinar um acordo de aquisição do controle da companhia por um investidor nacional anônimo

Desde então, as negociações, que tiveram caráter de exclusividade e foram mediadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos, trataram de definir as condições esperadas para o pagamento, por parte do possível novo comprador, dos salários atrasados dos funcionários, além do cumprimento de obrigações reminiscentes e de cláusulas futuras, como a estabilidade do emprego até abril de 2025, o restabelecimento do plano de saúde e a extensão das cláusulas sociais do acordo coletivo até 2026.

Os pagamentos individuais dos salários em atraso, incluindo 13º e férias, foram definidos de 1 a 13 parcelas, com início em janeiro de 2025. 

Negociações falhas

 

Na última segunda-feira (9/12), a empresa anunciou, entretanto, que as negociações não foram bem sucedidas, e finalizaram sem um acordo. 

Após 45 dias, o Sindicato afirma que os prazos estabelecidos para a aquisição não foram cumpridos, nem as condicionantes impostas ao investidor. 

Agora, a Avibras se posiciona como "aberta a novas propostas", e sua crise econômica de longa data deve se aprofundar.

"O Sindicato considera lamentável a desistência da transação comercial, uma vez que a Avibras e o investidor, que se mantém no anonimato, geraram grandes expectativas nos trabalhadores, que estão há 20 meses sem salário, FGTS e INSS", diz o comunicado. 

Uma situação que dificulta a condição financeira da empresa é seu status atual — por não ser considerada uma Empresa Estratégica de Defesa (EED), a Avibras não está elegível para proteção governamental

A possibilidade de venda a investidores internacionais e a consequente desnacionalização da empresa, ademais, são preocupantes para o país e para o presidente Lula, que já se manifestou contra a aquisição da companhia por uma potência estrangeira e convocou o BNDES a "buscar soluções" para uma possível venda. 

Leia também: Avibras: Gigante brasileira está na mira de potência estrangeira | Revista Fórum

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