As negociações para a compra da Avibras, empresa brasileira estratégica na produção de tecnologias de defesa civil e militar, têm avançado com vários potenciais compradores nos últimos meses, dos quais destacam-se dois.
Em setembro, a Fórum noticiou a visita de uma corporação chinesa, o Grupo Norinco, à sede da Avibras, em Jacareí (SP), para discutir uma possível aquisição da empresa.
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Desde então, a gigante brasileira de defesa tem estado na mira de outros governos, como o da Arábia Saudita, que agora se mostra um forte candidato nas negociações.
O Fundo Soberano da Arábia Saudita estaria cada vez mais próximo de se tornar o principal dono da Avibras — com a perspectiva de assumir até 80% da companhia —, dizem os rumores do setor.
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Eles são mais um entre pelo menos quatro candidatos. Seus competidores seriam a China, a Austrália (que também demonstrou interesse na aquisição, embora com menos avanços) e, recentemente, um investidor brasileiro "anônimo", que também já estaria em fase de negociação para um contrato de administração.
Conforme noticiou o G1, na última semana de outubro, funcionários da Avibras anunciaram que a empresa está em diálogo com um investidor nacional, embora a identidade desse potencial comprador não tenha sido revelada.
Durante uma assembleia convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, em que se debateu a situação dos quase mil empregados da empresa (que já passaram por seis layoffs e afirmam não receber salário há pelo menos 18 meses), foi indicado também um novo encontro com o potencial comprador brasileiro, que deve ocorrer no dia 8 de novembro.
Para que as negociações caminhem e a fábrica volte a funcionar, é preciso "fazer o pagamento dos salários em atraso" e "também das multas, do depósito do fundo de garantia e do INSS", obrigações com que a Avibras, hoje em recuperação judicial, não conseguiu cumprir, disse o presidente do sindicato, Weller Gonçalves.
De acordo com os funcionários, o investidor deve propor um novo acordo no encontro vindouro, e este deve, então, "receber o aval" dos trabalhadores, que continuarão a integrar o corpo de funcionários da empresa.
O comprador brasileiro quer manter o mesmo quadro de funcionários da Avibras e "voltar de imediato" com o funcionamento produtivo da fábrica, disse Weller.
O acordo para o controle da empresa por parte desse potencial investidor teria sido assinado já no dia 25 de outubro, mas ainda depende de outros critérios de cumprimento legal para a recuperação judicial da empresa — além do que está previsto no contrato.
Não deve ser uma tarefa barata: a Avibras, que entrou em recuperação há dois anos, soma R$ 395 milhões em dívidas judiciais, e as greves têm se estendido durante todo o período. O corpo de funcionários da empresa, que é de quase mil pessoas, deve receber salários e compensações pelos últimos 18 meses de negligência.
Em comunicado oficial de 28/10, a Avibras afirmou que “avançou significativamente em seu processo de recuperação financeira com a assinatura, no dia 25/10/2024, de um acordo para aquisição do controle da companhia por investidor brasileiro”. Agora, estariam sendo conduzidas “as diligências necessárias para concretizar e validar a aquisição, com o intuito de restabelecer as operações da companhia”.
Ainda assim, há rumores de que as negociações estão "cada vez mais próximas" da aquisição de parte majoritária da empresa (que pode chegar a 80%) pelo Fundo Soberano da Arábia Saudita.
Em 2023, a Avibras havia fechado uma parceria, durante o Fórum de Investimentos Brasil-Arábia Saudita, para a produção conjunta de equipamentos de defesa com o conglomerado Scopa Defense, maior empresa privada de defesa da Arábia Saudita.
O contrato, que previa também a aquisição de mísseis, foguetes e sistemas de defesa da empresa brasileira pelos árabes, é parte do Plano Visão 2030, uma política econômica dos saudita que visa o crescimento e a diversificação dos investimentos do país em setores da indústria, de maneira a variar sua pauta de exportações e reduzir a dependência do petróleo.
O plano tem a Scopa como uma de suas frentes de investimento, com o objetivo de criar indústrias militares orgânicas e atender às demandas das Forças Armadas do país, além de projetar-se em mercados globais de defesa e segurança.
A possibilidade de aquisição da Avibras por potências estrangeiras continua a ser uma preocupação para o governo brasileiro — este ano, o presidente Lula convocou o BNDES para "buscar soluções" para o problema.
E, embora as negociações com um potencial comprador brasileiro possam resolver esse impasse, os investidores sauditas, se avançarem nas negociações, dão um passo à frente na desnacionalização de parte considerável da gigante brasileira.