GÁS NATURAL

Acordo estratégico entre Brasil e Argentina deve revolucionar mercado energético de gás

Contrato de três partes para exportação de uma das maiores reservas de gás do mundo deve ser finalizado na próxima semana, de acordo com o ministro de Minas e Energia

Vaca Muerta - Argentina.Créditos: Wikimedia commons
Escrito en BRASIL el

Nesta terça (5), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que um acordo resultante de negociações com três partes será assinado na próxima semana e vai permitir a importação, pelo Brasil, de gás natural argentino.

O acordo vem após uma longa negociação que envolvia os governos brasileiro, argentino (provedor do recurso) e boliviano, essencial para estabelecer uma rota viável para o transporte do gás.

Em abril deste ano, companhias energéticas brasileiras e argentinas deram início aos diálogos sobre a operação de uma rede de gasodutos que deverá passar da Argentina ao Brasil através do território da Bolívia. 

A iniciativa buscava resolver o problema de escassez brasileira de gás natural liquefeito (o GNL) e a dependência dos mercados internacionais instáveis, mas não teve, a princípio, forte aderência do governo boliviano.

À época, uma solução foi levantada para resolver o dilema do gás: a migração das exportações do gás argentino para a região de Vaca Muerta, na Patagônia argentina, que se estende pelas províncias de Mendonza e Río Negro. 

É uma das maiores reservas de gás e petróleo não convencional do mundo. 

A opção se baseava em reverter uma rede de gasodutos bolivianos em sentido Bolívia - Argentina, que era usada, antes, para transportar gás da Bolívia. 

O que seria necessário, portanto, era que o governo argentino concluísse a inversão de sentido dessa estrutura e criasse as condições comerciais necessárias para negociar tarifas sobre o gás comercializado.

Uma proposta inicial para esse advento, que determinava um pedágio a ser pago por Brasil e Argentina para a passagem pelo território boliviano, fora, no entanto, rejeitada pela Bolívia e sua estatal de gás natural. 

Mas, de acordo com Alexandre Silveira, em entrevista dada à CNN, a formalização do novo acordo entre os governos brasileiro, argentino e boliviano deve ocorrer já na semana que vem, ainda no contexto dos encontros do G20, e deve levar a um marco no mercado energético de gás, estabelecendo uma vantagem competitiva para o Brasil e, para o consumidor final, uma redução de 10% a 15% no preço do gás

O gasoduto, viabilizado pela parceria tríplice, foi denominado Gasbol, e integra os territórios brasileiro e boliviano ao longo de 3,5 mil quilômetros de estrutura.

Agora, a Argentina, que é o segundo maior destinatário do gás boliviano, deve suspender suas importações de gás e expandir sua própria rede a partir de Vaca Muerta para alcançar as províncias ao norte do país.