CRIME ORGANIZADO

A avançada rota de tráfico internacional do PCC para driblar a fiscalização

Primeiro Comando da Capital adota novas tecnologias para o tráfico de drogas a partir da via amazônica

Operação contra tráfico de drogas.Créditos: Javier Leon G via Wikimedia commons
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O Primeiro Comando da Capital (PCC) é maior organização dedicada ao tráfico de narcóticos ilegais no Brasil, com atuação internacional e em todo o território brasileiro (com bases operacionais sediadas principalmente no estado de São Paulo). 

A organização atua como ponto de interceptação para substâncias proibidas a partir de países próximos, como Paraguai, Bolívia, Colômbia e Venezuela, com rotas capilarizadas sobretudo na região amazônica, onde a fiscalização pode ser melhor "driblada" pela impenetrável vegetação natural e pelos espaços demograficamente menos densos da Amazônia profunda. 

Com as ações mais frequentes do PCC no norte do país, no entanto, oficiais das Forças Armadas têm investido em fiscalização mais intensa por terra nas rotas de tráfico, o que levou a organização a adotar novas tecnologias

Uma delas é o uso de aeronaves, além de embarcações, para realizar o transporte a partir dos países vizinhos, na região andina, para o Brasil e até para África e Europa, conforme noticia uma reportagem de O Globo. 

Em 2024, duas aeronaves que carregavam narcóticos foram interceptadas na região amazônica, de acordo com a secretaria de Segurança Pública do Amazonas. As rotas anteriores, que se concentravam no transporte por embarcações a partir dos rios que transitam pela bacia amazônica, foram tornadas mais incertas pela intensa fiscalização — e a saída do PCC foi pelo ar. 

Tanto aviões como helicópteros são utilizados atualmente pela organização, de acordo com Marcus Vinícius Oliveira de Almeida, secretário de segurança do Amazonas. 

São aeronaves "precárias", outrora usadas em atividades de garimpo ilegal ou roubadas, com numeração "raspada". Como a secretaria estadual não possui aeronaves, o combate a essa nova rota de tráfico também é precário, e requer a ajuda das Forças Aéreas e do governo federal. 

"Não temos competência para derrubar uma aeronave", afirma o secretário à reportagem de O Globo.

Operações anteriores da FAB (Forças Aéreas Brasileiras), em agosto e em setembro de 2024, conseguiram interceptar com sucesso aeronaves que transportavam até 238 kg de narcóticos pela rota amazônica com origem na Venezuela. 

Essas aeronaves adentram o território nacional "sem plano de voo" e são monitoradas pelo Comando de Operações Aeroespaciais, marcadas como suspeitas e então interceptadas.

Um dos helicópteros interceptados em agosto, na Rota do Solimões, fazia parte de um acampamento estruturado que contava com internet via satélite, energia solar e até um gerador de luz. A aeronave foi apreendida enquanto aguardava por ajustes mecânicos no acampamento, e supostamente havia sido utilizada para carregar 4,2 toneladas de cocaína em outra operação do Comando.

De acordo com a FAB, as operações de fiscalização são realizadas de maneira fixa no espaço aéreo da região, especialmente na fronteira, em conjunto à Política Federal.