O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) divulgaram, na manhã desta quinta-feira (3), os resultados do Censo da Educação Superior 2023. O destaque do Censo foi mais uma vez o grande crescimento das matrículas em cursos a distância, com predomínio das licenciaturas onde cerca de 81% dos estudantes que buscaram esses cursos em 2023 optaram pela EaD.
No compilado de todos os cursos, quase o dobro dos estudantes que ingressaram em uma graduação optaram por um curso a distância. O Censo revelou que em 2023 quase 10 milhões de estudantes estavam matriculados em um curso de graduação presencial ou a distância, registrando aumento de 5,6% entre 2022 e 2023: o maior desde 2014.
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O censo de 2023 registrou o funcionamento de 2.580 instituições de educação superior operando no país. Dessas, 88% (2.264) eram privadas e 12% (316), públicas. Nesse contexto, a rede privada ofertou 96% (23.681.916) das mais de 24 milhões de vagas. Já a rede pública foi responsável por 4% (1.005.214) das ofertas, com 65,5% (658.273) dessas vagas em instituições federais.
Na modalidade de Educação a Distância (EaD), a oferta de vagas foi de aproximadamente 77% (19.181.871); já as presenciais representaram cerca de 23% (5.505.259).
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As instituições privadas concentraram a maioria dos matriculados: cerca de 79%, crescimento de mais de 7%. Já as instituições públicas registraram aproximadamente 21%, mais de 2 milhões de matrículas, com uma ligeira queda. Quase 5 milhões de estudantes iniciaram um curso de graduação presencial em 2023. Desses, cerca de 87% na rede privada e cerca de 11% na rede pública. O ingresso na modalidade EaD representou mais de 66% e em cursos presenciais foi de quase 34%.
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Em contraponto ao panorama geral de ingressantes (em que o EaD supera o presencial), na rede pública, especificamente, a maior parte dos ingressos ocorreu nas graduações presenciais: 85% (481.578). Os outros 15% (87.511) são alunos de cursos a distância, sendo que nestes 15% destacam-se a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), com mais de 24 mil matrículas e o Consórcio Cederj, que reúne as universidades do estado do Rio de Janeiro, com mais de 15mil matrículas. Ou seja, quase metade dos estudantes que cursam uma universidade pública a distância está em polos ou da Univesp, em São Paulo, ou do Cederj, no estado do RJ.
Já na rede privada, onde 73% (mais de 3,2 milhões) dos ingressos foram na modalidade EaD, a concentração de matrículas está em poucas grandes universidades que são sediadas, majoritariamente, em quatro estados: Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
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Assistência Estudantil, Prouni e Fies aumentam taxa de conclusão
O Censo da Educação Superior revela que, no último ano, 51% dos alunos cotistas da rede federal concluíram o curso, enquanto o índice entre os não cotistas foi de 41%. Ao analisar os efeitos do Prouni na taxa de conclusão, verificou-se que 58% dos beneficiários concluíram a graduação, no ano passado, contra 36% entre os estudantes que não fazem parte da política. Já o índice de concluintes entre os alunos que contam com o Fies foi 15% superior ao de quem não utiliza o auxílio: 49% para 34%.
Pela primeira vez a pesquisa fez uma análise sobre o acesso à educação superior logo após a conclusão da educação básica. Segundo os dados, a rede federal (assim como a privada) e o ensino médio articulado à educação profissional e tecnológica são mais eficientes em levar o estudante diretamente (no ano seguinte) do ensino médio para o ensino superior.
Dos concluintes do ensino médio em 2022, 27% ingressaram na educação superior em 2023. Quando se observam os concluintes do ensino médio de escolas federais, essa proporção sobe para 58% (comportamento similar aos concluintes das escolas privadas, com 59%). Os alunos oriundos de escolas estaduais ficaram abaixo da média: apenas 21% ingressaram no ensino superior logo após concluírem o ensino médio. Os estudantes que concluíram o ensino médio articulado com a educação profissional (integrado ou concomitante) também tiveram mais facilidade para ingressar na educação superior no ano seguinte. Desse grupo, 44% entraram em um curso de graduação logo após a formatura, outro número acima da média.
O Censo também destaca que 5.570 municípios brasileiros têm alunos frequentando a educação superior, de forma presencial ou por meio de polos de Educação a Distância (EaD). A análise revelou que quase 90% das matrículas de EaD estão concentradas em 1.085 municípios onde também existe oferta de cursos presenciais. Apenas cerca de 10% das matrículas de EaD estão em outros 2.281 municípios onde os polos EaD são a única opção para ingressar em uma graduação.
Predomínio da Educação a Distância nas licenciaturas
Das mais de 1,7 milhão de matrículas em licenciaturas, 67% foram registradas em instituições privadas e 33%, nas públicas. As matrículas em licenciaturas presenciais representaram 80%, no universo da rede pública. Já ao analisar somente a rede privada, verifica-se que 90% das matrículas foram em cursos EaD. Quando se trata do ingresso em cursos de licenciatura, nota-se que, na rede pública, 70,2% deles ocorreram em cursos presenciais. Em contraponto, na rede privada, 93,5% dos alunos ingressaram na EaD.
Recentemente, o MEC aprovou uma resolução do Conselho Nacional de Educação que altera as regras para oferta de cursos de licenciatura na modalidade EaD e que, segundo especialistas, vai diminuir drasticamente a oferta desses cursos a partir do próximo ano.
Uma ausência notada durante a coletiva de imprensa que apresentou os resultados foi a do ministro Camilo Santana. Segundo o Inep, os dados já estavam prontos para divulgação desde o final de agosto e aguardava disponibilidade de agenda do ministro para a divulgação. Apesar da presença do ministro estar anunciada para a coletiva, ele não compareceu e foi representado pelo secretário executivo do MEC, Leonardo Barchini.