Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, e o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) deverão almoçar na tarde desta terça-feira (22) em uma churrascaria do Morumbi, zona oeste da capital. A reunião será o primeiro encontro oficial da campanha do candidato à reeleição com o seu padrinho político, em um encontro de portas fechadas, rápido e discreto para evitar que a imagem do líder de extrema direita cole na do emedebista poucos dias ante do pleito de 27 de outubro.
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Ao longo da campanha, foi travada uma disputa interna dentro do MDB entre dois grupos com ideias antagônicas. Uma parte acredita que a presença do ex-presidente é prejudicial para a reputação de Nunes. Já a outra parcela do partido aposta no ganho de votos em caso de uma participação mais intensa do líder da extrema direita na corrida eleitoral da maior cidade do país.
Nunes sempre procurou desconversar ao ser questionado sobre a ausência do líder da extrema direita. "Claro que a presença do presidente Bolsonaro é importante mas nós temos outras lideranças sempre conosco", afirmou o prefeito muitas vezes ao longo da campanha.
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O prefeito chegou a descartar na noite de segunda (21) alguma participação de Bolsonaro em seu horário eleitoral de televisão e rádio. "Acho que não vai dar tempo. Acaba na quinta-feira já", explicou o prefeito, sem se alongar muito sobre os temas que seriam tratados no almoço desta tarde.
Institutos de pesquisa apontam que o leitorado paulistano rejeita o ex-presidente. Ele tem ejeição superior aos 60%. Para evitar desgastes ao prefeito, aliados de Nunes torciam pelo afastamento.
O próprio Bolsonaro chegou a declarar durante entrevista a uma rádio do Espírito Santo que Ricardo Nunes não seria o seu "candidato favorito", mesmo já tendo declarado apoio ao candidato à reeleição à epoca. Na mesma ocasião o líder da extrema direita chegou a elogiar a inteligência e a juventude de Marçal. Depois disse que "estaria com Nunes até onde desse, pois tinha dado a sua palavra".
Fora os acenos elogiosos feitos pelo ex-presidente a um dos principais adversários do prefeito emidebista, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que acabou em terceiro lugar no 1º turno da eleição 2024, uma das mais disputadas desde a redemocratização no Brasil.
Bolsonaro pareceu indeciso sobre quem apoiar ao longo da campanha em São Paulo. Cauteloso, o ex-presidente pediu à ala mais radical do bolsonarismo que deixasse de atacar Marçal. O ex-presidente revelou, inclusive, que votaria no influenciador digital caso ele disputasse o 2º turno contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Desaparecido
Pode-se dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro não participou da campanha para tentar a reeleição de Ricardo Nunes na cidade de São Paulo. A primeira aparição do líder da extrema direita foi durante a convenção do MDB, ocorrida no dia 3 de agosto, na Alesp (Assembleia Legistativa de São Paulo), zona sul da capital. Mas a campanha ainda não havia começado oficialmente.
Bolsonaro e Nunes não trocaram abraços ou falaram ao microfone juntos dirante o mega evento organizado no estacionamento da Alesp. O ex-presidente fez aquestão de apresentar o seu "homem", o coronel Ricardo Mello Araújo e candidato a vice-prefeito. O nome do ex-comandante da Rota foi imposto pelo líder da extrema direita para que o seu PL se juntasse à aliança que tenta reeleger o emedebista.
Algumas chamadas e vídeo – presenciadas pela reportagem de Fórum. Uns poucos vídeos de apoio para redes sociais. Menções passageiras ao nome do prefeito Ricardo Nunes durante transmissões ao vivo pela internet. Foi uma participação para lá de discreta do elouquente capitão.
Bolsonaro veio a São Paulo para o ato do 7 de Setembro. Reunião de bolsonaristas e apoiadores de grupos de extrema direita convocada pelo próprio ex-presidente. No mesmo dia, Bolsonaro se reuniu a portas fechadas com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito.
"Tratra-se de um ato não partidário", disse o ex-presidente, que chegou a deixar no ar um convite a Pablo Marçal. O ex-coach foi à manifestação conseguiu atrair mais atenção do que o prefeito, que ficou de canto a maior parte do tempo. Não teve fala. Não foi citado nominalmente. Calado, Nunes ouviu a multidão de seguidores de Bolsonaro reunidos na avenida Paulista pedir a prisão e o impeachment do ministro Alexandres de Morais (STF).
O almoço na churrascaria do bairro nobre de São Paulo deverá contar com um grupo de poderosos empresários, além de políticos da aliança de apoio à reeleição de Nunes. O encontro é mérito de Tarcísio de Freitas, o principal fiador da campanha do MDB.