Rejeitado por mais de 60% dos eleitores de São Paulo, segundo pesquisa DataFolha, Jair Bolsonaro (PL) provocou uma catástrofe em outra capital brasileira, que tem forte influência dos ruralistas e tinha - isso mesmo, tinha - na liderança do segundo turno um ferrenho representante da horda neofascista do ex-presidente no Congresso Nacional.
Jair Bolsonaro esteve em Cuiabá na segunda-feira passada, dia 14 de outubro, para uma agenda intensa ao lado de seu candidato, o deputado federal Abílio Brunini (PL).
Alçado à política com vídeos de lacração nas redes, Brunini terminou o primeiro turno com 39,61% dos votos válidos e enfrenta agora o deputado estadual Lúdio Cabral (PT), que obteve 28,31%.
Apontado como favorito, o candidato do PL vinha na liderança, mas começou a despencar nas pesquisas após a visita catastrófica de Jair Bolsonaro.
Nesta quinta-feira (22), a virada aconteceu, segundo dados divulgados pela pesquisa da Percent, encomendada pela TV Cuiabá e Portal O Documento.
O estudo, realizado entre os dias 19 e 21 de outubro, mostram o petista Lúdio com 53,2% dos votos válidos, contra 46,8% do candidato de Bolsonaro.
O estudo mostra ainda que Brunini é rejeitado por 41% dos eleitores, enquanto a rejeição do petista é de 34,2%.
A pesquisa ouviu 1,2 mil cuiabanos de forma presencial e a margem de erro é de 2,83% para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.
Catástrofe
Brunini passou a derreter na maioria das pesquisas, que já sinalizavam uma situação de empate técnico, após Bolsonaro visitar a cidade e não saber responder uma pergunta básica de um jornalista: "o senhor consegue listar quais obras o governo do senhor fez em Cuiabá?"
Gaguejando, Bolsonaro respondeu: "tanta coisa". E o jornalista insistiu: "cite uma".
"No geral: água para o Nordeste, Pix...", iniciou o ex-presidente visivelmente nervoso, com Brunini tentando pegar a palavra.
A falácia de Bolsonaro viralizou nas redes e causou revolta na população.
"Então eu pergunto para você pobre de direita? Quantos jet-skis de R$ 80 mil você comprou esse ano. Eu não comprei nenhum. Então, Bolsonaro, pare de ser mentiroso", diz um eleitor em um vídeo, que também viralizou nas redes.
A avalanche provocada por Jair Bolsonaro também atingiu os ruralistas, com a adesão de vários "barões do Agronegócio", como o empresário Elusmar Maggi declarando voto em Lúdio do PT.
"O PT dá condições para as pessoas trabalharem e produzirem, diferentemente do ex-presidente Bolsonaro, que não passa de um motoqueiro ruim de serviço", afirmou Elusmar em entrevista ao Estadão no sábado (19).
"O Bolsonaro não fez nada por Cuiabá. E não sei o motivo se apaixonarem por esse homem. Não tem explicação", completou o "Barão do Agro".