ELEIÇÃO EM SP

Nunes confirma 1ª agenda com Bolsonaro desde o início da campanha em SP

Prefeito e candidato à reeleição tem sido deixado de lado pelo líder da extrema direita, que preferiu ficar longe da capital paulista e não participou de atos ao longo da corrida eleitoral municipal

O prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição.Créditos: Julio Costa Barros
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Ricardo Nunes (MDB) confirmou nesta sexta-feira (18) aquela que poderá ser a sua primeira agenda pública de campanha de 2024 ao lado do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). Desde o início oficial da corrida eleitoral paulistana e após adiamentos, o atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição anunciou que, enfim, o seu padrinho político vem à capital na terça, dia 22, para um encontro a portas fechadas com lideranças políticas.

“Então terça-feira, dia 22, tem uma agenda com ele [o ex-presidente Bolsonaro]”, afirmou o prefeito. “Um café da manhã era a ideia original, com deputados do PL, deputados federais, estaduais, vereadores e algumas lideranças. Mas isso não se confirmou e nós teremos um almoço”, completou.

Desde que a corrida eleitoral começou em São Paulo, oficialmente em 16 de agosto, o prefeito da capital passou muito tempo da campanha tentando explicar à imprensa o motivo do líder da extrema direita e cacique do PL – principal partido da coalizão de

apoio à reeleição de Ricardo Nunes – não subir em seu palanque ou participar sequer de um ato político público ao seu lado.

A ausência de Bolsonaro rendeu a Nunes inúmeros questionamentos. Isso sem contar o estranhamento, as especulações e até fogo amigo. O ex-presidente passou os últimos meses com a agenda cheia, viajando boa parte do país, incluindo o interior do estado de São Paulo, para subir no palanque dos seus aliados. Mas nada foi feito na maior cidade do Brasil.

Bolsonaro chegou a desqualificar o apoio dado ao prefeito paulistano. No auge da ascensão do ex-coach Pablo Marçal (PRTB) – um dos principais adversários do emedebista –, o ex-presidente chegou elogiar a inteligência do influenciador digital e admitir que o atual prefeito paulistano não era o seu “candidato dos sonhos”.

“Fechei com o Ricardo Nunes. Não é o meu candidato dos sonhos, mas eu tenho um compromisso. Vou ajudá-lo onde for possível”, disse o ex-presidente da República em agosto. Depois voltou atrás, reafirmou o compromisso com o emedebista mas sem rifar o ex-coach que se destacava na disputa. Bolsonaro chegou a vir a São Paulo em 7 de Setembro para as manifestações do feriado de Independência, mas não fez campanha para Nunes, que teve participação discreta no ato que reuniu bolsonaristas e militantes da extrema direita na avenida Paulista.

Discordâncias

Há uma parcela considerável de integrantes da campanha do MDB que preferem assim, com Bolsonaro bem longe da cidade de São Paulo, onde o ex-presidente enfrenta uma rejeição de mais de 60%. Para esse apoiadores, o melhor que o prefeito faz é não ser associado ao bolsonarismo, mesmo que seu vice de chapa seja o coronel Ricardo Mello Araújo, ex-comandante da Rota e imposição feita por Bolsonaro para que o PL embarcasse na chapa com Nunes.

Outra fissura existente dentro da chapa composta pelo MDB e por outros 11 partidos é a que divide aqueles que desejam a federalização da campanha municipal de São Paulo daqueles que lutam para o debate político não ultrapasse as fronteiras do território paulista, onde a ajuda do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem se mostrado mais efetiva.

Na falta de Bolsonaro, Tarcísio literalmente assumiu as rédeas da campanha de Ricardo Nunes. O governador teria, inclusive, desobedecido as ordens do líder da extrema direita ao apostar o seu capital político na campanha do prefeito paulistano desconhecido.

No final, a participação de Jair Bolsonaro na campanha que vai eleger o prefeito da maior cidade do hemisfério sul tem tudo para ser sem holofotes, pompa ou circunstância. Essa presença deverá ocorrer apenas em ambientes controlados ou em estúdios, para o líder da extrema direita poderá até gravar eventuais participações no horário eleitoral de rádio e televisão.