ELEIÇÕES 2024

Acionista de banco suspeito de lavar dinheiro para o PCC doa para campanha de Ricardo Nunes

Rui Denardin é o segundo maior doador da campanha de Nunes. Ele é presidente do grupo Mônaco, dono do Banco Luso, investigado por lavar mais de R$ 20 milhões para empresa de ônibus ligada ao PCC

Ricardo Nunes com Tarcísio Gomes de Freitas.Créditos: Isadora de Leão Moreira/Governo do Estado de São Paulo
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Ainda sem responder a uma pergunta de Guilherme Boulos (PSOL) sobre o motivo pelo qual ele nomeou o cunhado de Marcola – apelido de Marcos Willians Herbas Camacho - como chefe de gabinete responsável pelas obras sem licitação em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) teve exposto mais um suposto elo com o Primeiro Comando da Capital, a facção criminosa PCC.

Presidente do Grupo Mônaco, o empresário Rui Denardin doou R$ 100 mil à candidatura do prefeito nesta segunda-feira (14), passando a segundo maior doador da campanha do emedebista - atrás apenas de Antonio Setin, presidente da Setin Incorporadora, que repassou R$ 200 mil à campanha.

O Grupo Mônaco incorporou em 2022, com a compra de 50% das ações, o Banco Luso, instituição financeira que é investigada em um suposto esquema de lavagem de dinheiro do PCC.

Segundo investigações do Ministério Público de São Paulo, o banco, incorporado pelo Grupo Mônaco, de Denardin, depositou em 2015 mais de R$ 20 milhões na conta da holding MJS, que teve como sócios Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, e outros dirigentes da Transwolff, empresa de ônibus acusada de lavar dinheiro para o PCC.

As informações são de Lauro Jardim, no jornal O Globo.

Debate

No primeiro - e até o momento, único - debate do segundo turno em São Paulo Boulos desestabilizou Nunes ao citar investigações e suspeitas de corrupção que pesam contra ele. 

Em dado momento, Boulos pediu para que os telespectadores pesquisassem no Google termos relacionados a essas acusações contra Nunes. 

"Você é investigado no tema da máfia das creches, obras emergenciais, o Ministério Público está apurando. Contrato sem licitação, favoreceu o seu compadre. Superfaturamento de água. Superfaturamento até de marmita. Deem um Google: 'Ricardo Nunes superfaturamento obra emergencial'; 'Ricardo Nunes cunhado PCC'. Deem um Google. Se não parece que fica o dito pelo não dito", disparou Boulos. 

Eduardo Olivatto, irmão de Ana Maria Olivatto, ex-mulher de Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, principal líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC, atua como chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras (SIURB) na gestão Ricardo Nunes (MDB) na prefeitura de São Paulo.

A informação foi divulgada por Mateus Araújo e Thiago Herdy no portal Uol e confirmada pela Fórum no portal oficial da prefeitura de São Paulo.

Olivatto, que aparece em foto ao lado de Ricardo Nunes e de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, é subordinado ao secretário Marcos Monteiro e à adjunta, Adriana Siano Boggio Biazzi, e atua como uma espécie de número 3 da pasta de Infraestrutura e Obras do atual prefeito, candidato à reeleição.

Ex-mulher de Marcola, Ana Maria foi assassinada em disputas internas do PCC em outubro de 2002. 

Servidor de carreira da prefeitura, Olivatto é vinculado ao empresário Fernando Marsiarelli, que foi quem mais faturou com contratos emergenciais, sem licitação na gestão de Nunes, segundo o Uol.

Marco Antônio Olivatto, irmão de Eduardo e também ex-cunhado de Marcola, é secretário no gabinete do deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), que foi preso em novembro de 2017 na operação Caixa D'Água, que investigava crimes eleitorais.

Figura histórica da política paulista, Antônio Carlos Rodrigues teria sido o fiador da negociata entre o PL, de Valdemar da Costa Neto e Jair Bolsonaro, que selou o apoio do partido ao prefeito Ricardo Nunes na tentativa de reeleição.

Ele foi nomeado como secretário parlamentar em 7 de junho deste ano, em meio aos acordos na pré-campanha, com um salário bruto de R$ 9.119,22.