Há exatamente um ano, no dia 8 de janeiro de 2023, Brasília testemunhou um dos capítulos mais sombrios de sua história recente. O cenário era de caos, desordem e quebra-quebra, enquanto apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram prédios públicos, em uma tentativa de golpe de Estado. O ato antidemocrático marcou o início de um período tumultuado na política brasileira, gerando prisões, condenações e prejuízos milionários aos cofres públicos.
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8 de janeiro: antecedentes e alertas
Os eventos que culminaram na invasão começaram a se desenrolar nas redes sociais, onde apoiadores bolsonaristas compartilharam vídeos relatando supostas conversas com oficiais da Polícia Militar. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alertou horas antes para o risco de invasão aos prédios públicos, encaminhando um relatório às forças de segurança de Brasília, incluindo o governo do Distrito Federal.
O então governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, havia afirmado que "manifestações pacíficas" estavam liberadas, contribuindo para um ambiente de aparente tranquilidade. No entanto, a Secretaria de Polícia do Senado Federal recebeu informações sobre 5 mil manifestantes que pretendiam invadir a sede do Legislativo.
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Desenrolar dos eventos
No dia 8 de janeiro de 2023, por volta de 14h30, os bolsonaristas chegaram à Esplanada dos Ministérios, encontrando uma revista policial superficial e uma barreira desprotegida. A facilidade de acesso e o número insuficiente de policiais permitiram que os golpistas rompessem a barreira e iniciassem a invasão.
Armados com "pedras, paus e estilingues", os invasores enfrentaram os policiais legislativos e destruíram obstáculos na entrada do Congresso Nacional. O Salão Nobre foi invadido, e os golpistas deixaram um rastro de destruição nos salões do Senado e da Câmara dos Deputados, destruindo obras de arte, documentos e objetos expostos.
A invasão se estendeu ao Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo, onde os bolsonaristas depredaram instalações, destruíram obras de arte e causaram danos significativos. A coordenação das forças de segurança foi questionada, com relatos de falta de coordenação e ação desorganizada.
Os invasores ainda se dirigiram ao Supremo Tribunal Federal (STF), principal alvo dos bolsonaristas nos últimos anos. As vidraças foram quebradas, e uma parte dos invasores chegou até o plenário da corte, causando destruição e roubando as togas usadas pelos ministros.
Reação das autoridades e consequências do 8 de janeiro
O então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, estava de férias na Flórida, o que gerou críticas e questionamentos sobre a condução da segurança. Imediatamente, políticos condenaram os ataques, e o governador Ibaneis Rocha anunciou a exoneração de Torres, além de medidas para conter os vândalos.
O presidente Lula, que estava em uma viagem ao interior de São Paulo, acompanhou os atos de vandalismo pela televisão e fez videoconferência com ministros. Ele também falou com autoridades, como o ministro da Justiça, Flávio Dino, pedindo medidas para garantir a segurança pública.
Em coletiva de imprensa, Lula condenou os atos terroristas, prometeu punição aos envolvidos e decretou a intervenção na segurança do Distrito Federal. As forças policiais retomaram os prédios do STF e do Palácio do Planalto, mas enfrentaram resistência para esvaziar o Congresso Nacional.
Repercussão nacional e internacional
As invasões em Brasília foram amplamente noticiadas pela imprensa nacional e internacional. Veículos como BBC News, The Guardian, The New York Times, El País e outros destacaram as cenas dramáticas e condenaram os ataques antidemocráticos.
Líderes mundiais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressaram apoio à democracia brasileira e condenaram os atos golpistas. A comunidade internacional pediu punição aos responsáveis e reforçou a importância do respeito às instituições democráticas.
Reações no Brasil e Repúdio aos Atos
No Brasil, autoridades repudiaram os ataques. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, classificou os atos como antidemocráticos e pediu punição rigorosa. O presidente da Câmara, Arthur Lira, condenou a baderna e vandalismo. Ministros, parlamentares e lideranças partidárias se manifestaram contra os invasores.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) considerou inaceitável a invasão e os ataques aos Três Poderes, chamando a atenção para a necessidade de encerrar os intentos contra o Estado Democrático de Direito.