A Polícia Federal, após dez meses de investigação, indiciou o influencer fitness Renato Cariani e mais dois amigos pelos crimes de tráfico equiparado, associação para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Não foi pedida a prisão dos três indiciados.
Dessa maneira, a conclusão da investigação da Polícia Federal foi encaminhada para o Ministério Público Federal (MPF), que pode ou não denunciar o grupo pelos crimes.
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Além de Renato Cariani, foram indiciados Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth, que são acusados de usar uma empresa química para falsificar notas fiscais de vendas de produtos químicos para multinacionais farmacêuticas. No entanto, segundo a investigação da PF, os insumos não iam para as tais farmacêuticas, mas sim eram desviados para o narcotráfico, visando a produção de cocaína e crack.
De acordo com as investigações da PF, a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) era abastecida com os produtos químicos desviados pelo grupo indiciado.
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O que significa o indiciamento
Em entrevista à Fórum, o advogado Berlinque Cantelmo, especialista em ciências criminais, direito público e processo legislativo, explicou que o indiciamento é faz parte de uma etapa inicial das investigações e, para que Renato Cariani seja denunciado ou processado, é preciso que se estabeleça relação direta entre ele e os crimes cometidos através de sua empresa.
"Segundo as investigações, as substâncias seriam usadas por criminosos para transformar a pasta base de cocaína em pó e em pedras de crack. Contudo, para que Renato Cariani seja denunciado ou até mesmo processado, não basta apenas a prova de que é um dos donos da empresa, mas é necessário que haja o efetivo conhecimento e aceitação por parte dele em qualquer desvio de finalidade dos produtos, considerando que o empresário não está inserido diretamente nas operações da empresa que, tem por objeto, a venda de produtos para multinacionais farmacêuticas", pontua Cantelmo.
"É importante frisar que, no Brasil, a responsabilidade do empresário por determinados crimes supostamente cometidos no âmbito de atividades mercadológicas precisa ser aferida de acordo com conjunturas específicas de total inserção do gestor em qualquer atividade ilícita ligada á operação corporativa, uma vez que a pessoa jurídica não detém legitimidade para responder penalmente", prossegue o advogado.
Relembre o caso
Químico de formação e sócio da Anidrol, os produtos das empresas de Cariani parecem ser famosos na praça. Tanto no mercado legal, como aparentemente também no ilegal. Para provar as acusações de envolvimento com o PCC, a Polícia Civil divulgou para a imprensa que constatou apreensões de produtos químicos da empresa em mais de uma dúzia de ocorrências.
De acordo com o inquérito policial foram várias as delegacias de polícia de São Paulo que apreenderam produtos químicos da Andriol.
O Fantástico, da TV Globo, obteve uma série de fotos coletadas pela Polícia Federal que mostram um traficante preso desde 2016 indo à Anidrol para retirar produtos químicos que seriam usados para a produção de crack e cocaína pelo PCC.
O traficante fotografado na sede da Anidrol foi preso em 2016 e seu depoimento teve grande importância para a investigação. Foi justamente através dele que o esquema de notas falsas foi revelado pela primeira vez. O homem também deu detalhes de como era sua atuação junto à empresa.
“A Anidrol [me entregava esses produtos], o laboratório. A empresa tinha um tempo de embalar, de preparar”, disse o homem à Justiça ainda em 2016, logo que foi preso, em trecho mostrado pela TV Globo.