DROGAS

Renato Cariani: influenciador fitness é alvo de novo pedido de prisão pelo MP-SP

Cariani é investigado por desvio de produtos químicos para produção de cocaína e crack pelo PCC.

Renato Cariani é alvo de novo pedido de prisão.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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O Ministério Público de São Paulo recorreu à Justiça e voltou a pedir a prisão do influenciador fitness Renato Cariani, que foi indiciado pelos crimes de tráfico equiparado, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Acusado de desviar de suas empresas, direto para facções do crime organizado, insumos para a produção de crack e cocaína, Cariani foi alvo de busca e apreensão no dia 12 de dezembro, quando a Justiça negou a prisão. A análise do recurso do MP-SP deve ocorrer, no entanto, após o recesso do judiciário, em fevereiro. As informações são da Band.

As investigações começaram após denúncia da gigante farmacêutica Astrazeneca, que despertou a atenção das autoridades para desvios de produtos pela empresa Anidrol, que tem Cariani como um de seus sócios.

A empresa está na mira de investigadores desde 2015, quando executivos da farmacêutica transnacional AstraZeneca denunciaram a emissão de duas notas fiscais falsificadas sobre compra de materiais controlados pela Anidrol. O laboratório disse que sequer compra essas substâncias de fornecedores nacionais.

No depoimento no ano passado, no primeiro inquérito aberto em 2016, Cariani mostrou uma troca de e-mail com Augusto Guerra, que segundo ele seria representante da AstraZeneca, e disse que chegou a se encontrar com ele. A Polícia Civil e o Ministério Pública de São Paulo acreditam na versão do influenciador e arquivaram a investigação.

No entanto, a PF descobriu na atual investigação que Guerra, na verdade, é Fábio Spinola, amigo de Cariani, que faria a ligação com o PCC. Spinola chegou a ser preso em maio deste ano na Operação DownFall, sobre organização criminosa que usava mergulhadores para colocar droga no casco de navios.

Ele foi solto uma semana antes da operação da PF, que o encontrou ainda de tornozeleira eletrônica e com R$ 100 mil em dinheiro em sua casa.

Segundo a PF, o montante de produtos químicos desviados seriam usados para produzir toneladas de cocaína e crack.

Cerca de 2 mil litros de três tipos de solventes poderiam ser usados para produzir 1.640 quilos de cocaína. Substâncias em pó usadas para adulterar a droga poderiam resultar em 15,8 toneladas.

A PF ainda relaciona o desvio de 4.875 quilos de fenacetina, que resultaria na produção de 12,2 toneladas de crack.

Cocaína e crack do PCC

Químico de formação e sócio da Anidrol, os produtos das empresas de Cariani parecem ser famosos na praça. Tanto no mercado legal, como aparentemente também no ilegal. Para provar as acusações de envolvimento com o PCC, a Polícia Civil divulgou para a imprensa que constatou apreensões de produtos químicos da empresa em mais de uma dúzia de ocorrências.

De acordo com o inquérito policial foram várias as delegacias de polícia de São Paulo que apreenderam produtos químicos da Andriol.

O Fantástico, da TV Globo, obteve uma série de fotos coletadas pela Polícia Federal que mostram um traficante preso desde 2016 indo à Anidrol para retirar produtos químicos que seriam usados para a produção de crack e cocaína pelo PCC.

O traficante fotografado na sede da Anidrol foi preso em 2016 e seu depoimento teve grande importância para a investigação. Foi justamente através dele que o esquema de notas falsas foi revelado pela primeira vez. O homem também deu detalhes de como era sua atuação junto à empresa.

“A Anidrol [me entregava esses produtos], o laboratório. A empresa tinha um tempo de embalar, de preparar”, disse o homem à Justiça ainda em 2016, logo que foi preso, em trecho mostrado pela TV Globo.