O influenciador fitness e empresário bolsonarista Renato Cariani foi indiciado nesta segunda-feira (18) pela Polícia Federal por três crimes: tráfico equiparado, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Acusado de desviar de suas empresas, direto para facções do crime organizado, insumos para a produção de crack e cocaína, ele prestou um depoimento à PF em São Paulo mais cedo.
A oitiva durou mais de 4 horas, na sede da PF na Lapa, bairro da zona oeste de São Paulo. Cariani chegou acompanhado pelo advogado por volta das 13h30 e saiu próximo das 18h indiciado pelos três crimes. Na chegada, disse à imprensa que iria “esclarecer tudo” logo após o depoimento mas até a publicação dessa matéria ele ainda não se pronunciou publicamente.
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Ao lado de outras três pessoas, Cariani teve a prisão preventiva pedida pela PF, mas negada pela Justiça. Agora ele aguarda em liberdade o parecer do Ministério Público, que pode aceitar ou não o indiciamento. Em caso positivo, começa a rolar um processo judicial contra o empresário. Enquanto isso as investigações seguem em curso.
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As investigações começaram graças a um trambique usando o nome de uma gigante farmacêutica, a Astrazeneca. Foi o gatilho que despertou a atenção das autoridades para o caso da empresa Anidrol, que tem Cariani como um de seus sócios. Ele foi alvo na última semana (12/12) de uma operação da Polícia Federal por conta das suspeitas.
Em 2017, depósitos em dinheiro vivo totalizando R$ 212 mil foram feitos nas contas da Anidrol. Na hora de declarar na “boca do caixa” quem depositava os valores, a pessoa que realizava a transação deu o nome e o CNPJ da Astrazeneca. Como era de se esperar, a Receita Federal notou que a multinacional de origem anglo-sueca não declarou o dinheiro em seu imposto de renda e chamou seus responsáveis contábeis, que informaram ao fisco que aqueles valores nunca foram depositados pela empresa.
A empresa cujo um dos donos é Cariani insistiu para a Receita Federal que aqueles valores tinham sido, sim, depositados pela Astrazeneca, fruto de uma relação comercial em que teria fornecido uma carga de cloreto de lidocaína para a gigante farmacêutica, mostrando inclusive toda a troca de e-mails com alguém que se apresentava como representante da multinacional. Só que a pessoa não era funcionária do laboratório e a Astrazeneca informou que jamais teve a Anidrol como sua fornecedora e que nunca fez pagamentos em espécie a quem quer que seja.
De acordo com a PF, o objetivo do esquema era abastecer o PCC. Fábio Spinola Mota, apontado como membro PCC, seria o principal elo entre Cariani e a facção. Ele foi preso no início deste ano na Operação Downfall da PF do Pará, que investigou esquema de "tráfico internacional e interestadual de drogas, com diversas ramificações no país". Durante essa investigação foram realizadas prisões, apreensão de cerca de 5,2 toneladas de cocaína e bloqueio de bens estimados em R$ 1 bilhão.
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Preso até o mês passado, Mota também foi um dos alvos da operação Hinsberg, realizada pela PF de São Paulo, além do próprio Cariani e de Roseli Dorth, a sócia do influenciador em uma empresa para venda de produtos químicos, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., em Diadema.
A polícia acredita que parte do material adquirido legalmente pela Anidrol, compra rigidamente controlada pela PF, era desviada para a produção de cocaína e crack. Para justificar a saída dos produtos, eram emitidas notas fiscais falsas e depósitos em nome de laranjas, usando indevidamente o nome da multinacional AstraZeneca.
Cariani nega as acusações. "Pela manhã fui surpreendido pelo cumprimento de mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei. Os meus advogados agora vão dar entrada pedindo para ver o processo e aí sim eu vou entender o que consta nessa investigação", afirmou na data da operação da PF em seus endereços.