SUCESSO NOS NEGÓCIOS

Químicos da Anidrol de Renato Cariani foram achados em mais de uma dúzia de ocorrências

Investigação policial diz que traficantes encontravam facilidade para adquirir os insumos para produção de drogas na empresa do influenciador bolsonarista

Renato Cariani.Créditos: Reprodução /Instagram
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Renato Cariani, além de um dos maiores influenciadores fitness da internet, é também um empresário de sucesso. Químico de formação e sócio da Anidrol, seus produtos parecem ser famosos na praça. Tanto no mercado legal, como aparentemente também no ilegal. Nesta terça-feira (19) a Polícia Civil divulgou para a imprensa que constatou apreensões de produtos químicos da empresa em mais de uma dúzia de ocorrências.

De acordo com o inquérito policial foram várias as delegacias de polícia de São Paulo que apreenderam produtos químicos da Andriol. As informações foram divulgadas pelo G1.

Cariani e sua empresa são acusados de negociar os produtos químicos - usados como insumos para a produção de crack, cocaína e outras drogas - com traficantes paulistas. As transações seriam feitas através de notas falsas que simulam vendas a gigantes farmacêuticas como a AstraZeneca.

O empresário foi indiciado ontem (18) por tráfico equiparado, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ele nega as acusações.

O inquérito também esclarece que o traficante flagrado em fotos em 2016, na sede da Andriol, buscando os insumos é David Biassio Matias. O Fantástico, da TV Globo, revelou as imagens.

O homem foi preso à época e o seu depoimento teve grande importância para a investigação. Foi justamente através dele que o esquema de notas falsas foi revelado pela primeira vez. O homem também deu detalhes de como era sua atuação junto à empresa.

“A Anidrol [me entregava esses produtos], o laboratório. A empresa tinha um tempo de embalar, de preparar”, disse o homem à Justiça ainda em 2016, logo que foi preso, em trecho mostrado pela TV Globo. No entanto, a empresa só seria investigada posteriormente.

Para a polícia, a empresa praticou "má conduta" uma vez que os traficantes não encontravam qualquer dificuldade para adquirir os produtos. “Curiosamente já eram conhecidos pela empresa, já que só falam em quantidades, não mais o que queriam, provando assim que eram clientes assíduos”, diz o inquérito.

Histórico do caso

As investigações começaram graças a um trambique usando o nome de uma gigante farmacêutica, a Astrazeneca. Foi o gatilho que despertou a atenção das autoridades para o caso da empresa Anidrol, que tem Cariani como um de seus sócios. Ele foi alvo na última semana (12/12) de uma operação da Polícia Federal por conta das suspeitas.

Em 2017, depósitos em dinheiro vivo totalizando R$ 212 mil foram feitos nas contas da Anidrol. Na hora de declarar na “boca do caixa” quem depositava os valores, a pessoa que realizava a transação deu o nome e o CNPJ da Astrazeneca. Como era de se esperar, a Receita Federal notou que a multinacional de origem anglo-sueca não declarou o dinheiro em seu imposto de renda e chamou seus responsáveis contábeis, que informaram ao fisco que aqueles valores nunca foram depositados pela empresa.

A empresa cujo um dos donos é Cariani insistiu para a Receita Federal que aqueles valores tinham sido, sim, depositados pela Astrazeneca, fruto de uma relação comercial em que teria fornecido uma carga de cloreto de lidocaína para a gigante farmacêutica, mostrando inclusive toda a troca de e-mails com alguém que se apresentava como representante da multinacional. Só que a pessoa não era funcionária do laboratório e a Astrazeneca informou que jamais teve a Anidrol como sua fornecedora e que nunca fez pagamentos em espécie a quem quer que seja.

De acordo com a PF, o objetivo do esquema era abastecer o PCC. Fábio Spinola Mota, apontado como membro PCC, seria o principal elo entre Cariani e a facção. Ele foi preso no início deste ano na Operação Downfall da PF do Pará, que investigou esquema de "tráfico internacional e interestadual de drogas, com diversas ramificações no país". Durante essa investigação foram realizadas prisões, apreensão de cerca de 5,2 toneladas de cocaína e bloqueio de bens estimados em R$ 1 bilhão.

Preso até o mês passado, Mota também foi um dos alvos da operação Hinsberg, realizada pela PF de São Paulo, além do próprio Cariani e de Roseli Dorth, a sócia do influenciador em uma empresa para venda de produtos químicos, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., em Diadema.

A polícia acredita que parte do material adquirido legalmente pela Anidrol, compra rigidamente controlada pela PF, era desviada para a produção de cocaína e crack. Para justificar a saída dos produtos, eram emitidas notas fiscais falsas e depósitos em nome de laranjas, usando indevidamente o nome da multinacional AstraZeneca.

Cariani nega as acusações. "Pela manhã fui surpreendido pelo cumprimento de mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei. Os meus advogados agora vão dar entrada pedindo para ver o processo e aí sim eu vou entender o que consta nessa investigação", afirmou na data da operação da PF em seus endereços.

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