PRODUTOS PARA O PCC

Renato Cariani terá que explicar à PF mentira que fez primeira investigação ser arquivada

Influenciador fitness, apoiador de Bolsonaro, presta depoimento em novo inquérito que investiga desvio de produtos químicos para produção de toneladas de cocaína e crack por facção criminosa.

Renato Cariani com Jair Bolsonaro.Créditos: Reprodução/Youtube
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O influenciador fitness Renato Cariani, apoiador contumaz de Jair Bolsonaro (PL), presta depoimento nesta segunda-feira (18) à Polícia Federal (PF) sobre o suposto esquema de desvio de produtos químicos que serviriam para a produção de mais de 15 toneladas de cocaína e 12 toneladas de crack pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que foi criada em São Paulo.

No depoimento, Cariani terá que explicar a mentira dita à Polícia Civil de São Paulo em 2021, que resultou no arquivamento do primeiro inquérito aberto contra ele e sua empresa, a Anidrol, que, segundo a PF, desviou produtos químicos controlados para o beneficiamento da droga pela facção.

Segundo o Fantástico, da TV Globo, a empresa está na mira de investigadores desde 2015, quando executivos da farmacêutica transnacional AstraZeneca denunciaram a emissão de duas notas fiscais falsificadas sobre compra de materiais controlados pela Anidrol. O laboratório disse que sequer compra essas substâncias de fornecedores nacionais.

No depoimento no ano passado, no primeiro inquérito aberto em 2016, Cariani mostrou uma troca de e-mail com Augusto Guerra, que segundo ele seria representante da AstraZeneca, e disse que chegou a se encontrar com ele. A Polícia Civil e o Ministério Pública de São Paulo acreditam na versão do influenciador e arquivaram a investigação.

No entanto, a PF descobriu na atual investigação que Guerra, na verdade, é Fábio Spinola, amigo de Cariani, que faria a ligação com o PCC. Spinola chegou a ser preso em maio deste ano na Operação DownFall, sobre organização criminosa que usava mergulhadores para colocar droga no casco de navios.

Ele foi solto uma semana antes da operação da PF, que o encontrou ainda de tornozeleira eletrônica e com R$ 100 mil em dinheiro em sua casa.

Segundo a PF, o montante de produtos químicos desviados seriam usados para produzir toneladas de cocaína e crack.

Cerca de 2 mil litros de três tipos de solventes poderiam ser usados para produzir 1.640 quilos de cocaína. Substâncias em pó usadas para adulterar a droga poderiam resultar em 15,8 toneladas.

A PF ainda relaciona o desvio de 4.875 quilos de fenacetina, que resultaria na produção de 12,2 toneladas de crack.

Até o momento, Renato Cariani só concedeu entrevista à Jovem Pan e segue se pronunciando por seus perfis nas redes sociais.