GRANDE SÃO PAULO

A cinematográfica história dos PMs presos em Guarulhos suspeitos de sequestrar e extorquir um agiota

Invasão de domicílio de manhã cedo, sequestro, cativeiro, negociação de resgate com filho de policial e tiroteio marcaram a operação que prendeu os agentes

Uniforme e viatura da PM de São Paulo.Créditos: Rovena Rosa/ Agência Brasil
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Eram 7h30 da manhã de sexta-feira (26) quando a vítima dormia em casa em Guarulhos, na Grande São Paulo, com a namorada. O irmão e um inquilino também estavam no imóvel quando os soldados Leonardo Bertozzi Pachoal (33) e Thiago de Lima Matos (27) surpreenderam o quarteto. A história, que parece ter contornos cinematográficos, foi revelada pelo jornalista Josmar Jozino, no Uol.

De acordo com o depoimento da vítima, posteriormente dado à polícia, eles foram acordados pelos PMs. Ameaçados com as armas de fogo dos agentes, foram obrigados a ficar de joelhos. Namorada, irmão e inquilino acabaram trancados em um dos cômodos enquanto a vítima foi amarrada, vendada e colocada num Ford Ka de cor preta e levada para cativeiro na zona leste de São Paulo.

Foram cerca de 40 minutos de viagem pela maior cidade do país até chegaram ao local, de onde Leonardo e Thiago ligariam para o sócio da vítima pedindo resgate. Antes disso, Leonardo ameaçou o homem sequestrado, dizendo que sabia quem ele era e o que fazia. A vítima seria supostamente um agiota.

Os sequestrados então usaram um celular para telefonar para o sócio da vítima, que o acompanharia no suposto negócio de agiotagem. Foi pedido um resgate de R$ 140 mil que, após negociação, caiu para R$ 40 mil. Mas os PMs sequestradores não sabiam de um detalhe que mudaria toda a história: o sócio da vítima é filho de uma policial militar que atua na mesma cidade.

Atendendo as ligações com a mãe ao lado, o sócio passou a ser orientado por ela. Com o resgate acertado em R$ 40 mil, ele voltou a ligar para os sequestradores a fim de combinar detalhes da entrega do dinheiro e aproveitou para pedir uma prova de vida da vítima. Foi sugerido que a prova de vida fosse feita por vídeo chamada. E foi nesse momento, quando completou a ligação, que o nome do sequestrador apareceu na tela: Leonardo Bertozzi Paschoal.

Identificado como um PM da cidade pela mãe do sócio, a Corregedoria da PM foi acionada. Paralelamente, o sócio combinava um local para o resgate. O dinheiro seria então entregue em frente ao Hospital Geral de Guarulhos, no Parque Cecap.

O sócio então se dirigiu ao local, mas ao invés dos R$ 40 mil, levava apenas R$ 1 mil na bolsa. Auxiliado por agentes do serviço reservado da PM, ele atraiu os sequestradores. Mas nem tudo correu como o planejado.

Os PMs sequestradores perceberam a armadilha e receberam os agentes a tiros. Apesar do tiroteio e dos danos aos veículos, ninguém ficou ferido. Eles tentaram fugir mas acabaram presos por homens do mesmo batalhão da mãe do sócio da vítima, o 15º Baep de Guarulhos (Batalhão de Operações Especiais de Polícia).

Três homens foram presos. Leonardo, Thiago e Igor Pereira Vitalino, de 32 anos, que trabalha como porteiro no local do cativeiro. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o trio está indiciado por extorsão mediante sequestro e tentativa de homicídio, esta última por terem trocado tiros com os policiais que faziam a ação para prendê-los.

Os PMs foram levados para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo, e o porteiro para a carceragem do 1º Distrito Policial de Guarulhos. Os policiais alegaram que estavam cobrando uma dívida da vítima. Suas defesas ainda não se pronunciaram publicamente.