Imagens que mostram policiais militares do Paraná sorrindo enquanto torturam jovens no Batalhão de Matelândia, no oeste do estado, em 2017, foram divulgadas apenas na semana passada.
Um dos policiais que aparece rindo nos vídeos é Marlon Luiz dos Santos, que pediu baixa da corporação em 2019, respondeu a processo e foi condenado a três anos e oito meses de prisão por tortura. O outro não teve não o nome divulgado. Segundo a Polícia Militar as gravações são de 2017.
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Marlon aparece nas imagens que mostram dois jovens algemados, com as mãos para trás, encostados em uma parede, um deles com uma luva cirúrgica na cabeça.
O agente segura a cabeça do jovem erguida e o observa. Em seguida, Marlon dá um tapa no rosto do rapaz e tira a luva. Rafael Stefano, policial que grava a cena, pergunta ao jovem se ele "gostou do saco".
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Marlon Rafael Stefano foi expulso da Polícia Militar e condenado a um ano e seis meses pelo mesmo crime.
Elyézer Rodrigues, advogado responsável pela defesa de Stefano, afirmou que o ex-soldado está cumprindo a pena imposta e que, na época, prestou todos os esclarecimentos necessários.
O advogado Jefferson da Silveira Menezes, que representa Marlon, disse que o então soldado "participou ativamente do processo", colaborando e prestando informações.
Não foi um fato isolado
Estas imagens, no entanto, não foram um fato isolado. Outros vídeos gravados no mesmo batalhão e no mesmo ano vieram à tona somente na última semana e também mostram policiais torturando jovens. Novamente, um dos policiais envolvidos ri da cena.
Quatro rapazes aparecem nas imagens encostados na parede com as mãos para trás. Um policial com um bastão na mão bate nas pernas e na sola do pé de um dos jovens.
O rapaz tenta se desvencilhar, mas o soldado manda não tirar o pé do lugar.
Outro policial aparece na imagem, dá uma risada para a câmera e segura o pé do rapaz para cima enquanto o primeiro PM continua a bater com o bastão no jovem, que chora.
O policial que gargalha foi afastado das funções, segundo a PM. O nome dele não foi divulgado.
A corporação afirmou que não tinha conhecimento destas imagens. O policial deverá responder a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e a um Inquérito Policial Militar (IPM).
'Inaceitável'
Leonir Batisti, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), repudiou os atos de tortura após a repercussão dos vídeos.
“É preciso sempre nós vermos que estamos no século 21 e a tortura é absolutamente inaceitável. Deve ser punido, deve se buscar apurar e, na medida do justo, aplicar a punição. É acima do absurdo duas pessoas que estavam ali, a essa altura, sem nenhuma reação, e nitidamente terem sido castigadas fisicamente”, afirmou Batisti sobre um dos vídeos.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) afirmou que "os fatos não haviam chegado ao conhecimento" do órgão antes. De acordo com o MP-PR, "serão adotadas medidas apuratórias para esclarecimento e eventual responsabilização".
PM se manifesta
O tenente-coronel Idevaldo de Paula Cunha Junior, subcorregedor da Polícia Militar do Paraná (PM-PR), afirmou que a corporação repudia as torturas praticadas.
"A Polícia Militar repudia esses atos de violência, repudia qualquer ilegalidade cometida pelos nossos policiais. A gente vai apurar e responsabilizar com rigor esses policiais", disse.
No caso do policial que continua na corporação, o agente foi afastado deve responder a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e a um Inquérito Policial Militar (IPM).
"Na esfera criminal, vai depender de todo processo criminal realmente do crime de tortura, que tem a previsão de até oito anos de reclusão, mas tem os agravantes, de ser agente público, mas ainda tem muitos fatos a serem apurados", destacou o tenente.
A PM afirmou em nota quando o caso veio à tona que "a ação ilegal e isolada de um militar estadual não reflete os valores e o profissionalismo da corporação, que se dedica diuturnamente à proteção e ao bem-estar da população paranaense".
Com infomações do g1