HOMENAGEM

Metrô da PUC em SP pode receber nome de reitora perseguida pela ditadura

Universidade foi invadida há 46 anos pelo coronel Erasmo Dias, homenageado de Tarcísio

Momento em que Nadir Kfouri vira as costas à Erasmo Dias e diz: "não dou a mão a assassinos".Momento em que Nadir Kfouri vira as costas à Erasmo Dias e diz: "não dou a mão a assassinos"Créditos: /Foto: Memórias da Ditadura
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A deputada estadual Beth Sahão (PT-SP) apresentou um Projeto de Lei propondo que a futura estação de metrô conhecida como “estação da PUC” seja nomeada de Profª. Nadir Kfouri, reitora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) que foi perseguida pela ditadura militar. 

A mudança diz respeito à Estação PUC-Cardoso de Almeida da Linha Laranja do Metrô de SP, que está em processo de construção e se localizará próximo à Universidade. Com a aprovação do PL, ela se chamaria Estação PUC-Profª. Nadir Kfouri.

O que motivou o PL

Nesta sexta-feira (22), completam-se 46 anos da invasão da PUC/SP pelo coronel Erasmo Dias, em uma operação da Ditadura Militar.

Em 1977, num congresso de estudantes que visava a reativação da União Nacional dos Estudantes (UNE), então cassada pela ditadura, a PM-SP realizou uma operação truculenta na universidade, na qual estudantes foram presos, torturados e mortos.

A Profª Nadir Kfouri, então reitora da PUC, ao encontrar o coronel responsável pela operação, negou seu cumprimento e afirmou: “não dou a mão a assassinos”.

“Em 1976, [Nadir Kfouri] tornou-se reitora da PUC-SP, sendo a primeira mulher a chefiar uma universidade católica no mundo. Nessa função, empenhou-se na resistência à ditadura militar, contratando e protegendo professores perseguidos pelo regime”, explica o texto do PL.

Erasmo Dias homenageado por Tarcisio

Se Nadir ainda não recebeu homenagens, esse não é o caso do coronel Erasmo Dias. O Governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sancionou uma lei em junho deste ano que dá o nome de Erasmo para um viaduto da rodovia Manílio Gobbi, que fica em Paraguaçu Paulista, interior de São Paulo.

À época, a PUC repudiou a decisão. "É inconcebível homenagear-se um eminente fascista que durante a ditadura militar, como secretário de segurança de São Paulo, notabilizou-se pela repressão e tortura física a todos aqueles que erguiam as suas vozes contra o arbítrio”, disse em nota de repúdio.

Na próxima segunda-feira (25), às 9 horas, será realizado um evento no Tucarena (Teatro da PUC) em memória da invasão da PUC/SP pelo coronel Erasmo Dias. A PUC entende que “lembrar é resistir”, por isso o ato.

A deputada Beth Sahão estará presente na solenidade para manifestar seu apoio ao ato, em respeito à memória e pelo direito à verdade.