A gigante da mobilidade Uber foi condenada pela 4ª Vara do Trabalho de São Paulo a contratar todos os seus motoristas em modalidade CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), em uma decisão histórica que abalou o cenário das plataformas de transporte por aplicativo no Brasil.
A sentença, assinada pelo juiz Maurício Pereira Simões, em primeira instância, tem abrangência nacional e impõe uma multa significativa de R$ 1 bilhão por danos morais coletivos à empresa. Além disso, foi estabelecida uma multa diária de R$ 10 mil para cada motorista da Uber que não estiver registrado como funcionário.
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A decisão é resultado de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho, que alegou que a Uber vinha mantendo uma relação de emprego disfarçada com seus motoristas, negando-lhes os direitos trabalhistas assegurados pela legislação brasileira.
A sentença estabelece que a Uber tem um prazo de seis meses para se adequar à nova forma de contratação de seus motoristas, sob pena de novas sanções. No entanto, a empresa já anunciou sua intenção de recorrer da decisão, alegando que ela cria uma insegurança jurídica, uma vez que difere de outras sentenças proferidas em casos semelhantes envolvendo plataformas de transporte por aplicativo, como Ifood, 99, Loggi e Lalamove.
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Uber se manifesta
Em um comunicado oficial, a Uber declarou: "Há evidente insegurança jurídica, visto que apenas no caso envolvendo a Uber, a decisão tenha sido oposta ao que ocorreu em todos os julgamentos proferidos nas ações de mesmo teor propostas pelo Ministério Público do Trabalho contra plataformas, como nos casos envolvendo Ifood, 99, Loggi e Lalamove, por exemplo."
A decisão da 4ª Vara do Trabalho de São Paulo trouxe à tona um debate crucial sobre a natureza das relações de trabalho nas plataformas de tecnologia. Enquanto alguns defendem que os motoristas de aplicativo devem ser considerados como empregados com todos os direitos trabalhistas, outros argumentam que a flexibilidade e autonomia oferecidas por essas plataformas são aspectos essenciais do modelo de negócios.
Agora, a Uber enfrenta um desafio legal significativo que pode ter implicações profundas para a indústria de transporte por aplicativo no Brasil. A batalha jurídica em torno do status de seus motoristas como funcionários ou autônomos está longe de chegar ao fim, e seu desfecho pode redefinir o cenário do trabalho no setor de tecnologia do país.