A fazenda São Lukas, localizada na cidade de Hidrolândia, em Goiás, foi ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta segunda-feira (24) após a propriedade ser utilizada por um grupo criminoso para a prática de exploração sexual e tráfico internacional de pessoas.
A quadrilha por trás dos crimes cometidos na fazenda e dona das terras já havia sido condenada no ano de 2009, após a Polícia Federal (PF) constatar através de investigações que 18 pessoas estavam envolvidas no aprisionamento de mulheres adultas e adolescentes, posteriormente traficadas para a Suíça e obrigadas a realizarem trabalho escravo sexual.
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O intuito da reocupação da fazenda realizada pelo MST é utilizar aquela terra como novo assentamento para as famílias e chamar a atenção do governo federal para a situação das mais de 3 mil famílias do estado que necessitam de um local para viver e produzir. A atitude do MST, além de tornar a fazenda um lar para diversas famílias e produzir organicamente em suas terras, também tem como objetivo impedir que ela seja utilizada para crimes contra os direitos humanos.
“Exigimos que a fazenda São Lukas seja destinada para fins de Reforma Agrária. Nela, superaremos o histórico de exploração e a usaremos para produzir alimentos saudáveis e dar de comer às pessoas que têm fome”, destaca a direção do MST.
Cerca de 600 famílias tomaram a frente do movimento na fazenda, que integra o patrimônio da União desde 2009. O grupo permanecerá resistindo e informou que não permitirão sua retirada sem autorização da justiça ou aviso prévio da União.
"Acreditamos que a terra não pode ser usada para a exploração. Seja a humana – como os crimes sexuais, de trabalho análogo à escravidão e outros - ou aquelas explorações que destroem a terra por meio do uso de agrotóxicos, do monocultivo, do uso intensivo de água, da apropriação dos bens comuns da natureza", afirma o movimento social.
A área já havia sido ocupada em março deste ano, durante a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra. Na primeira tentativa de ocupação da fazenda São Lukas, a Polícia Militar de Goiás havia expulsado as famílias presentes sem qualquer mandado judicial, impedindo a constituição do assentamento.