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20 de abril: “Não tenho dúvida que podem haver tentativas de ataques a escolas”, diz especialista

Data marca aniversários de Hitler e do massacre de Columbine, nos EUA; Catarina de Almeida Santos fez uma reflexão completa sobre atual escalada de violência em entrevista exclusiva à Fórum, que vai ao ar na íntegra na próxima segunda-feira

Memorial para as vítimas de um massacre ocorrido em 16 de abril de 2007, nos EUA.Nessa ocasião, o ataque ao Instituto Politécnico da Universidade de Virginia deixou 32 mortos e 17 feridosCréditos: Ross A. Catrow/Wikimedia Commons
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Com os recentes massacres de Blumenau, quando um homem de 25 anos assassinou 4 crianças pequenas em uma creche a golpes de machado, e de São Paulo, quando uma professora de 71 anos morreu esfaqueada e outros membros da comunidade escolar saíram feridos, o Brasil finalmente se chocou e despertou para um problema que vem escalando nos últimos anos. Para além dos ataques a escolas concretizados, também foram registradas recentemente dezenas de tentativas frustradas. Ao longo dos últimos meses, pesquisadores, professores e jornalistas têm se debruçado sobre o tema e o que parecia óbvio, que esses ataques dependem de um complexo ecossistema de reprodução de discursos e práticas de ódio, agora parece estar comprovado.

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Nesse contexto, o próximo dia 20 de abril gera uma série de preocupações sobre a possível ocorrência de novos ataques. A data marca não apenas o aniversário de Adolf Hitler, o ditador nazista alemão cultuado em muitos dos grupos que incentivam tais ataques, mas também o massacre de Columbine, nos EUA, que há 24 anos foi o primeiro ataque a escolas, no mundo, a ganhar uma ampla proporção midiática.

Para a pedagoga e doutora em educação pela USP, Catarina de Almeida Santos, a preocupação é válida. “Tivemos ataques no ano passado e cantamos a bola que eles aumentariam. Agora, os dias vinculados a essas datas de ataques passados, como o 20 de abril, fazem com que esses grupos se articulem. Não tenho a menor dúvida que podemos registrar tentativas de ataques. Mas aí entra o papel do Estado que é exatamente impedir que esses ataques se concretizem”, declarou a especialista que conversou com exclusividade com a Revista Fórum.

A professora Catarina de Almeida Santos, Doutora em Educação pela USP. Reprodução/Facebook

Nesse contexto, houve muita gente que defendeu o fechamento das escolas na próxima quinta-feira (20) como meio para garantir a segurança dos alunos, professores e funcionários das instituições. Mas para a especialista, a medida além de não surtir efeito, pode passar uma mensagem de vitória aos grupos de ódio além de demonstrar o desespero da sociedade em relação ao tema.

“Fechar a escola é a glorificação máxima desses grupos. Você fechar a escola no dia 20 é mandar o recado que eles venceram esse processo e depois, nos dias 21, 22, ou qualquer outro dia, podem eleger outras datas para futuros ataques”, afirmou. Ou seja, a data é o menos importante para a ocorrência dos ataques, e podem ser remanejadas no imaginário dos criminosos a seu bel prazer e conveniência.

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Na perspectiva da entrevistada, o Estado deveria ter uma área de inteligência e segurança que pudesse garantir as condições para que no dia 20 de abril, e em todos os outros dias, todas as escolas do país estejam abertas e desenvolvendo atividades culturais e artísticas.

“Só atividades contrárias a essa lógica do ódio podem combatê-lo em um dia como esse. Ou seja, debates e outras coisas que tratem sobre diversidade e respeito, sobre o inverso, o outro, o diferente. Atividades contra as bandeiras fascistas, neofascistas, neonazistas. A escola devia ser o caldeirão cultural do inverso de tudo o que nós estamos vivendo. A resposta do Estado em relação àqueles que querem dizimar a vida deve ser exatamente a promoção da vida. As escolas no dia 20, e não só nessa data, deveriam estar mais vivas do que nunca”, declarou.

Para Catarina de Almeida Santos, o dia 20 de abril deveria ficar marcado como um dia de luta contra o fascismo e o extremismo, para que não seja uma data lembrada como sendo de medo e fechamento. Além disso, reverter essa guerra narrativa é essencial para superar o problema.

“O aparato do estado não pode ser menor, não pode se render ou ser vencido por grupos neofascistas, por grupos extremistas. O estado não pode dar esse recado. Não pode ser possível que o aparato do estado não seja capaz de fazer com que todas as escolas desse país estejam funcionando sem serem ameaçadas. Quem está querendo colocar uma segurança armada em cada uma das escolas não é capaz de designar inteligência para monitorar a situação e desenvolver atividades que tornem a escola um lugar onde nem se cogite a ocorrência de ataques?”, indagou a especialista.

A entrevista com Catarina de Almeida Santos tratou de uma série de aspectos que compõem este debate e será publicada na Revista Fórum na próxima segunda-feira, dia 24 de abril, na íntegra.