MORO PARAIBANO

Desembargador processa jornalistas e documentário sobre lawfare na Paraíba é censurado

O desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB) está processando os jornalistas Eduardo Reina e Camilo Toscano, criadores do documentário "Justiça Contaminada – O Teatro Lavajatista da Operação Calvário na Paraíba".

'Moro Paraibano' move ação contra jornalistas que apontaram lawfare no TJ da Paraíba
Ricardo Vital.'Moro Paraibano' move ação contra jornalistas que apontaram lawfare no TJ da ParaíbaCréditos: Gecom-TJPB
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O desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB) está processando os jornalistas Eduardo Reina e Camilo Toscano, criadores do documentário "Justiça Contaminada – O Teatro Lavajatista da Operação Calvário na Paraíba”. O filme aponta o uso de lawfare contra políticos paraibanos no contexto da Operação Calvário, que começou em 2018 e segue em atividade até os dias de hoje.

O magistrado move duas ações contra os jornalistas e obteve sucesso em uma delas, que proíbe a veiculação do documentário. O juiz Adhemar de Paula Leite Ferreira Néto, de 3ª Entrância da Comarca de João Pessoa (PB) acatou parcialmente um dos pedidos de Vital e a obra saiu de circulação.

Nas peças, o desembargador - que é relator da Operação Calvário - acusa os jornalistas de “construção de ataques pessoais” contra sua imagem. Vital chegou a ser apelidado de 'Moro Paraibano'.

A Operação Calvário tinha como foco supostos desvios na saúde e na educação durante a gestão do ex-governador Ricardo Coutinho, a deputada estadual Estela Bezerra, a ex-prefeita de Conde Márcia Lucena. Ao todo, mais de 17 pessoas foram presos sob ordens judiciais.

O documentário alega que os processos continham uma série de erros, incluindo um conflito de competência: os crimes estão sendo julgados no âmbito da justiça comum, mas existem argumentos de que se tratam de questões dos tribunais eleitorais. 

“A tendência de tentar silenciar a imprensa dessa forma, através de múltiplas ações judiciais que percorrem indenizações milionárias, não é compatível com o estado democrático de direito, com a liberdade de imprensa e nem mesmo com o exercício do cargo público, do qual o Desembargador demonstra se orgulhar tanto em suas petições. A atuação de seu ofício exige a constante vigilância social, o que, consequentemente, pode incorrer na recepção de críticas numa frequência muito acima do que há de tolerar quem não se dispõe a atuar servindo, de maneira literal, ao público”, observa Jonatas Moreth Mariano, advogado de defesa dos dois jornalistas, através de nota.

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