Um vídeo do ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca mostra as condições em que ele esteve submetido nas 36 horas em que passou em cativeiro. Em entrevista ao programa televisivo Fantástico, da Globo, o ídolo do Corinthians detalhou as ameaças sofridas durante o sequestro: "Já brincou de roleta-russa?".
O programa exibido neste domingo (24) apresenta as imagens do momento do resgate de Marcelinho do cativeiro, em Itaquaquecetuba, município da Grande São Paulo. Junto de sua amiga Taís Moreira, ele foi mantido em cativeiro por quase dois dias, entre o 17 de dezembro e a última terça-feira (19).
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O ex-jogador teria escutado o helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, e em seguida, ficado amedrontado com a chegada de um policial no local: "Eu não sabia o que estava vindo. O que ia vir. Eu falei: 'vão atirar na gente, vão matar a gente'. Eu abaixei a cabeça: 'Senhor, não deixa, não deixa'", conta.
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"A gente começou a escutar o helicóptero [da polícia]. Aí alguém já chegou e falou: 'A casa caiu'. Veio um policial sozinho. Ele chegou no portão e falou: 'Eu vou entrar. Abre'"
Ao adentrar o quarto em que Marcelinho estava, o cabo Ribeiro, da PM-SP, encontrou o ex-atleta sentado na cama com uma toalha sobre os ombros. "E aí, Marcelinho, de boa? Vem, chega aí. Fica tranquilo, fica tranquilo. Agora, você tá com a gente aí", cumprimentou o agente de segurança.
"Na hora, quando ele chegou, naquele momento, com a mão [para cumprimentar] – porque em nenhum momento eu escutei ele chegando – ele falou assim: 'Vem que você está livre'."
Sua amiga, Taís, relatou sobre o resgate: "Quando o policial chegou, eu estava em choque de ver que aquilo estava realmente acontecendo, porque não são todos que conseguem sair vivos de uma situação dessa".
As ameaças no cativeiro
Marcelinho Carioca, de 51 anos, e Taís Moreira, e 36 anos, foram alvo de uma quadrilha ao retornar do show do cantor Thiaguinho, na Zona Leste de São Paulo (SP). Segundo boletim de ocorrência registrado, seu carro, Mercedes Benz CLA250 foi a motivação para o crime.
Ele viu um grupo de quatro a cinco pessoas se aproximarem pelo retrovisor e constatou que estavam armados. Marcelinho e Taís então tentaram se esconder e deitaram dentro do automóvel.
"Quando voltei para ver, fui encapuzado, e o cara já veio apontando [a arma]. E eu, desesperado. Eu disse: 'Não, por favor, eu sou o Marcelinho Carioca'."
O ex-jogador tomou uma coronhada de revólver e recebeu outras intimidações com a arma: "[Os criminosos perguntaram:]'Já brincou de roleta-russa?' E girava [o tambor]. Você ouvia girando, não via nada. Aí colocaram uma arma por baixo da toalha".
O delegado Fábio Nelson Fernandes, diretor da Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil de São Paulo, disse que o crime foi ocasional, ou seja, o grupo não planejou o sequestro de Marcelinho. Mas teve uma espécie de ‘insight do crime’ quando avistaram o carro de luxo do ex-jogador.
"O automóvel chamou a atenção dos bandidos, que avaliaram que o dono dele teria dinheiro para extorquir. Por isso o sequestraram. Como estava com a amiga, ela foi levada junto. Na hora nem sabiam que se tratava do Marcelinho Carioca. Os dois foram agredidos quando abordados, além de terem sido ameaçados constantemente", expôs o delegado Eduardo Bernardo Pereira.
O grupo pediu por cartões e senhas, desbloqueio dos celulares das vítimas e acesso ao Pix. Ele relembra as ameaças proferidas pelos sequestradores: "'A gente quer dinheiro. Impossível não ter dinheiro nessa conta. Jogador tem grana'".
Seis membros da quadrilha estão foragidos e outras quatro pessoas foram presas pelos crimes de extorsão, sequestro, formação de quadrilha, roubo, lavagem de dinheiro e receptação: Thauanatta dos Santos; Eliane de Amorim, Wadson Fernandes Santos e Jones Ferreira.